O primeiro dia da América pós-Trump

Rute Sousa Vasco
Rute Sousa Vasco

7 de novembro de 2020.

Ao quarto dia, a América tem um novo presidente. Joe Biden ganhou a Pensilvânia e com essa vitória conseguiu os 20 votos no Colégio Eleitoral que lhe permitem garantir a maioria de 273 votos que faz dele o 46º presidente dos Estados Unidos da América.

Era uma vitória anunciada, mas está longe de ser uma vitória normal numas eleições presidenciais americanas. Não apenas por ter sido um processo mais longo do que é habitual, como pelo facto de ter sido, a todos os títulos, um momento inédito na história da democracia americana. Aos 77 anos, o democrata Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, torna-se simultaneamente o presidente mais velho a ser eleito - com 77 anos - e o presidente com mais votos expressos numa eleição. Mas não é só: ao lado de Biden, Kamala Harris, a sua vice-presidente, torna-se a primeira mulher no cargo e o nome que estará no radar para as eleições presidenciais de 2024.

O que precisamos de saber sobre o dia de hoje e o que podemos esperar nas próximas semanas?

  •  Qual o estado que decidiu a vitória eleitoral? Nem Geórgia, nem Arizona, nem Nevada, mas sim Pensilvânia. A declaração de vitória de Joe Biden surgiu depois da atualização das contagens no estado da Pensilvânia, decisivo para as contas finais. Com a vitória neste estado, Joe Biden alcançou 273 votos no Colégio Eleitoral, enquanto Donald Trump contabiliza 214. Recorde-se que são necessários 270, no mínimo, para ganhar a presidência.
  • As primeiras declarações do presidente eleito: "América, sinto-me honrado por me terem escolhido para liderar o nosso grande país. O trabalho à nossa frente será difícil, mas prometo-vos isto: eu serei o Presidente de todos os americanos - tenham votado em mim ou não. Manterei a fé que depositaram em mim"
  • Kamala Harris, 55 anos, agora vice-presidente, é a primeira mulher negra a ocupar ao cargo. Senadora pelo estado da Califórnia e procuradora-geral do mesmo estado, foi uma das rivais de Joe Biden nas primárias, mas desistiu da corrida e declarou publicamente o seu apoio ao agora presidente. É apontada como a candidata democrata à presidência nas eleições de 2024.
  • Trump é o primeiro presidente em funções a perder a reeleição desde George H.W. Bush em 1992. Donald Trump tem uma bateria de centenas de juristas a colocar várias ações judiciais em diferentes estados, para tentar impugnar o processo eleitoral. "Obviamente, ele não vai assumir a derrota", disse Rudy Giuliani, o polémico advogado de Donald Trump numa conferência de imprensa marcada para ainda antes imprensa avançar a vitória de Biden.
  • Hoje, dia em que foi declarada a vitória de Biden, Donald Trump foi jogar golfe.
  •  O anúncio da vitória pela comunicação social norte-americana suscitou os protestos dos apoiantes do Presidente Donald Trump, que não aceita a derrota, assim como tem insistido em suspeitas infundadas de que uma fraude eleitoral em grande escala ameaça negar-lhe um segundo mandato.
  • A certificação dos resultados das eleições presidenciais nos EUA tem prazos e regras específicas em cada estado, mas todos devem terminar o processo até 14 de dezembro, dia em que o Colégio Eleitoral vota para eleger o Presidente.

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