Portugal está como Wuhan há um ano: em confinamento

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Há um ano, a cidade de Wuhan confinou para travar o vírus SARS-CoV-2. Em Portugal, tudo parecia ainda distante — afinal, os primeiros casos só viriam a chegar em março.

Hoje, a covid-19 marca a atualidade. A data do confinamento desta cidade na China, onde apareceu pela primeira vez o novo coronavírus, é assinalada quando surgem mais mutações do vírus, que se espalham pelo mundo — cá já chegou também a variante da África do Sul —, e quando a Alemanha e o Reino Unido superam as 50 mil e 100 mil mortes, respetivamente.

As notícias sobre o tema são inevitáveis e os recordes povoam os dias — e este sábado há mais um, a nível nacional. Portugal registou mais 15.333 novos casos de infeção e 274 mortes relacionadas com a covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Mas há mais a dizer sobre a covid-19 a nível nacional. Ora vejamos:

  • Segundo dados divulgados pelo ministério da Saúde, o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 está acima de 1 há 24 dias, verificando-se recentemente um período de crescimento para os 1,13 registados na última segunda-feira;
  • Os casos positivos de infeção com o novo coronavírus entre trabalhadores, reclusos e jovens internados em Centros Educativos são hoje 327, indicou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP). Só em Caxias registam-se mais de 100 reclusos e funcionários infetados;
  • O coordenador da 'taskforce' do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, garantiu que o atraso da vacina AstraZeneca/Oxford não comprometerá a primeira fase do plano português, mas não permitirá antecipá-lo, admitindo uma quebra de 50% do esperado;
  • O Hospital Garcia de Orta, em Almada, ultrapassou hoje os 200 doentes de covid-19, uma taxa de ocupação superior a 250% face à disponibilidade prevista no seu plano de contingência para responder à pandemia. No Porto, o Hospital de São João regista taxas de ocupação covid-19 entre os 85% e os 95%, o que significa um "panorama exigente e complexo", mas "estável" apesar do "aumento de procura".

Nestes dias, Portugal está como esteve Wuhan há um ano: a vida desenrola-se essencialmente (quando possível) dentro de casa. Para que todos se lembrem que a palavra de ordem é mesmo confinar, um despacho do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, veio determinar que as Forças de Segurança "privilegiem a cobrança imediata das coimas devidas pela violação das regras de confinamento".

Durante este sábado, as forças de segurança estiveram na rua para identificar eventuais situações de incumprimento. É certo que há coisas que não podem esperar e que também faz falta sair por breves instantes — mas a prioridade tem de ser ficar em casa para combater a pandemia.

Confinemos, então.

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