Um centenário comunista

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Mais luta. Mesmo ao fim de 100 anos de existência, o PCP não se quer ficar pelo presente, recusa estar à boleia do passado e aponta baterias ao futuro. Pelo menos, foi este o tom utilizado pelo secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, no seu discurso de mais de meia hora deste sábado, no Rossio, em Lisboa, num comício para assinalar os festejos (possíveis) do centenário dos comunistas.

Em dia celebração, Jerónimo quis deixar bem assente (apesar de ter elogiado a experiência de governação da "Geringonça", de 2015 a 2019) que o partido recusa o papel de apoio aos socialistas e fez questão de frisar que o PCP não é "força de apoio ao PS" nem é "instrumento ao serviço dos projetos reacionários do PSD, CDS e seus sucedâneos", fazendo alusão ao Chega e Iniciativa Liberal. Porquê? Porque os comunistas são uma "força da alternativa patriótica e de esquerda".

Mais, seja na vitória ou na derrota, o ímpeto comunista é sempre o mesmo: lutar. "Há muito provámos que as vitórias não nos fazem descansar e as derrotas não nos fazem render. Nós, comunistas, sabemos: vale a pena lutar. Sabemos que o futuro não acontece, constrói-se e conquista-se", explicou. Pode ler mais sobre o discurso deste sábado aqui.

Ora, para sinalizar os 100 anos do PCP, o SAPO24 preparou três textos para perceber a origem do partido, para perceber para onde vai e quais são os desafios do partido nos próximos cem:

Das lutas na clandestinidade à defesa das "conquistas de Abril", o percurso do Partido Comunista Português acompanhou a história de Portugal no último século. Sobrevivente à derrocada da União Soviética, o PCP é dos poucos na sua estirpe política que mantém a "luta" viva, mas o futuro promete não dar tréguas aos comunistas. No aniversário dos seus 100 anos, recuperamos a história de um partido histórico e procuramos descobrir para onde vai.

Tal como o parágrafo de abertura sugere, a jornada de leitura deste artigo começa precisamente no dia 6 de março de 1912, na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, onde nasceu o PCP. Porém, não é mero repertório da rica história do partido. É uma peça que procura ir mais longe e escrutina as razões da sua longevidade, além de ainda questionar se o "cimento ideológico" vai permitir que se construam mais 100 anos de "luta".

São 100 anos de lutas "ao serviço do povo". Traçamos o retrato de um partido centenário através do testemunho de seis militantes. Porque o PCP ainda "é um partido de futuro" e que "continua tão atual como nunca".

Dos 20 aos 75 anos, o apelo comunista atravessa várias gerações. Neste artigo, o que se propõe é viver o partido de dentro para fora e mostrar o que move os seguidores do PCP, independentemente da idade.

Colocamos a lupa no passado recente do partido, numa altura em que os últimos resultados eleitorais e a emergência de novas alternativas políticas (como o Chega) (re)acendaram o debate sobre sua a sobrevivência eleitoral. Olhando quer para tendências mais longas, quer para desenvolvimentos recentes, tentamos ainda antever quais os desafios que o PCP enfrenta(rá).

Um artigo com ângulo diferente, de análise e de gráficos que ajudam a perceber, por exemplo, a evolução dos resultados eleitorais do PCP em eleições legislativas desde 1976 ou algumas caraterísticas sócio-demográficas dos eleitores comunistas em comparação com os restantes.

Em jeito de remate, o PCP assinalou hoje os seus 100 anos com 100 ações, não só em Lisboa, mas também noutras dezenas de locais. E, a fazer jus pelas palavras do seu secretário-geral, nos próximos anos a fidelidade ao marxismo-leninismo vai continuar. Com a promessa de "intensificação da luta, de todas as lutas".

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