Messi para sempre

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Este não vai ser um texto sobre a dictomia Lionel Messi - Cristiano Ronaldo. Afinal de contas, La Pulga já não cabe ao lado de ninguém. Com esta prestação aos 35 anos num Campeonato do Mundo, o 10 da Argentina, que junta o título Mundial a sete Bolas de Ouro, seis Botas de Ouro, quatro Ligas dos Campeões e uma Copa América, num palmarés com mais de 10 campeonatos nacionais e vários troféus domésticos, Messi passa a viver numa outra categoria do futebol mundial, longe da sombra do México de 1986 de Diego Armando Maradona, distante do que Ronaldo conseguiu, acima do estatuto de lenda que hoje já tinha sido atingido por qualquer outro jogador, esteja a lenda envolvida em que poética ou mística popular.

O país que um dia teve a mão de Deus, hoje tem Deus de corpo inteiro. Depois de uma despedida amarga do FC Barcelona, clube onde cresceu na Europa para o futebol, venceu todos os títulos possíveis e que representou durante 21 anos, de uma época de estreia aquém das expectativas no Paris Saint-Germain, onde somou 11 golos e 14 assistências, que o levou a falhar a short list da Bola de Ouro pela primeira vez desde 2005, o argentino volta a mostrar-se ao nível dos melhores do mundo naquela que sabemos de antemão que será uma das últimas temporadas da sua bela carreira.

Muitas vezes o futebol não viu Messi na sua totalidade. Cegos pela preferência pelo português ou assombrados por génios de outros tempos, muitos minimizaram os feitos do agora avançado do PSG, mas este domingo, o argentino paira sobre todos eles.

Neste Campeonato do Mundo, Lionel Messi marcou sete golos e fez três assistências em sete jogos, tendo jogado todos os minutos possíveis. Tornou-se no primeiro jogador da história a vencer dois prémios de melhor jogador do Mundial, juntando o de 2022 ao de 2014, ano em que a Argentina também chegou à final, bateu o recorde de prémios de melhor jogador em campo (12) em encontros disputados em Mundiais, superou o número de golos marcados por Pelé na competição, chegando a um total de 13 golos, superou o alemão Lothar Matthäus como o jogador com mais jogos disputados em Mundiais, 26 no total. E ainda igualou Dani Alves, antigo colega de equipa, como o jogador mais titulado do mundo.

Na final mostrou o que é, marcou o primeiro golo da Argentina, começou a construção do segundo com o rasgo de génio que define a jogada, foi durante o jogo o elemento da Albiceleste com s melhores oportunidades, marcou o terceiro tento da sua seleção e marcou o primeiro penalti no desempate por grandes penalidades.

Messi carrega nações e clubes, joga o futebol de ontem, de hoje e de amanhã. Não tem tempo. Vive nos minutos em que nos deslumbramos, nos momentos em que nos fez gritar ou chorar. Nós vivemos rendidos por aquele que é, inevitavelmente, o melhor jogador de todos os tempos.

No final do jogo épico em que a Argentina venceu a França no desempate por grandes penalidades, depois de um 3-3 no prolongamento, o pequeno gigante falou precisamente de Deus, como se não dependesse de mais ninguém o título.

“Sofremos muito, mas conseguimos. É uma loucura que tenha acontecido desta forma, queria-o (título mundial) tanto. Eu sabia que Deus me ia dar, tinha a sensação de que ia ser assim. Finalmente chegou e agora vou desfrutar”, disse.

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