A China voltou a apertar o cerco a Taiwan. Porquê?

A China iniciou este sábado três dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, uma forma de pressão após a reunião da presidente da ilha com o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, um novo encontro que voltou a irritar Pequim.

O que é que a China fez?

Mobilizou um grande dispositivo militar em redor de Taiwan como "uma advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que procuram 'a independência de Taiwan' e as forças externas", advertiu no sábado o porta-voz do exército chinês, Shi Yin.

As manobras — que fazem parte de uma operação chamada "Espada Conjunta" — incluem patrulhas e "simulações de ataques de precisão contra alvos cruciais" para criar "dissuasão num cerco total" da ilha, afirmou o canal estatal chinês CCTV.

O dispositivo inclui dezenas de aviões de combate J-18 e J-10C, aeronaves antissubmarinos, sistemas lança-rockets PHL-191 e mísseis terrestres antinavios YJ-12B, segundo a imprensa chinesa.

O ministério da Defesa de Taiwan detectou neste domingo 11 navios de guerra e 70 aviões chineses à volta da ilha, depois de registar o mesmo número de navios e 71 aviões no sábado.

O que é que a China pretende?

A China considera a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, uma das suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante do território desde o fim da guerra civil, em 1949.

Pequim opõe-se a qualquer contacto oficial entre Taipé e governos estrangeiros, exercendo pressão diplomática, económica e militar para tal. No entanto, os maior aliado de Taiwan é justamente o país com o qual a China tem dificuldades em fazer frente: os EUA.

Após a reunião de quarta-feira entre a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen e o presidente da Câmara de Representantes americana, Kevin McCarthy, Pequim prometeu uma resposta dura.

As manobras militares são parte de uma campanha mais ampla de "pressão contra Taiwan", explica à AFP Ja Ian Chong, professor de Ciências Políticas na Universidade Nacional de Singapura, considerando que "os encontros de alto nível permitem a Pequim culpar Taipé, Washington ou outros" de ingerência nos seus assuntos.

Porquê agora?

Pequim aguardou o retorno de Tsai a Taiwan e o fim da visita à China do presidente francês, Emmanuel Macron, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para iniciar a operação "Espada Conjunta".

Para James Char, especialista quanto ao exército chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Singapura, tal mostra que a China está a tentar "reativar" as relações com a Europa, ao não entrar neste tipo de ação enquanto outros representantes se encontram no seu território. No entanto, uma operação militar contra Taiwan "será prejudicial para a abertura diplomática", adverte.

Quais são as diferenças para manobras anteriores?

Os exercícios lembram os que aconteceram em agosto de 2022 em resposta à visita à ilha de Nancy Pelosi, antecessora de McCarthy na presidência da Câmara dos Representantes, a autoridade norte-americana na linha de sucessão presidencial a seguir à vice-presidência.

Pequim executou manobras com munições reais a 10 quilómetros da costa de Taiwan, em exercícios similares para cercar a ilha que duraram uma semana.

Desta vez, a China anunciou exercícios com munição letal perto das costas de Fujian (leste), a província do país que fica à frente de Taiwan.

A operação "Espada Conjunta", no entanto, parece que "não tem a mesma dimensão das manobras observadas após a visita de Pelosi" à ilha — considerada por Pequim como o seu próprio território —, destaca Manoj Kewalramani, analista do Instituto Takshashila, de Bangalore.

A situação económica depois de três anos de covid-19 e a importância estratégica de Taiwan também podem ter influenciado, de acordo com Su Tzu-yun, analista militar do Instituto de Pesquisa sobre Defesa e Segurança Nacional de Taiwan.

"A restauração das rotas aéreas e marítimas de Taiwan este ano é muito importante para a recuperação económica dos países vizinhos e da própria China e, portanto, as manobras militares não deverão ser tão intensas", disse à AFP.

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