Aumentam as tensões entre Israel, o Irão e os seus aliados. O que está a acontecer?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

As tensões entre Israel, o Irão e os seus aliados regionais aumentaram após o assassínio reivindicado por Israel do chefe militar do Hezbollah, Fouad Chokr, e à morte em Teerão do líder político do Hamas, Ismaïl Haniyeh, num ataque atribuído a Israel.

Por isso, os alertas multiplicaram-se no dia de ontem devido ao risco de uma guerra total entre Israel e o movimento libanês pró-iraniano Hezbollah. As consequências seriam imprevisíveis para a região, já em tensão.

De recordar que o Hezbollah apoia o Hamas palestiniano, que tem a sua base em Gaza e está em guerra com Israel desde o seu ataque sem precedentes contra o Estado judeu, em 7 de outubro.

Já o líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou Israel com um "severo castigo" e o chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, falou de uma "resposta inevitável".

A representação do Irão na ONU disse esperar que o Hezbollah ataque em "profundidade" o território israelita e que não se limite a alvos militares.

Por isso, vários países, entre os quais França, Estados Unidos e Reino Unido, pediram aos seus cidadãos que abandonassem o Líbano neste fim de semana, por receio de um agravamento do conflito entre Israel e o Hezbollah.

Apesar de tudo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assegurou na quinta-feira que Israel "está num alto nível de preparação para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo".

Como é que Portugal vê estas tensões?

O Ministério dos Negócios Estrangeiros desaconselhou hoje "em absoluto" todas as viagens para o Irão, devido ao contexto interno do país e à crescente tensão regional e perigo de segurança.

“Considerando o contexto interno em que o país se encontra e a crescente tensão regional e perigo securitário, desaconselham-se em absoluto todas e quaisquer viagens ao Irão”, lê-se num aviso publicado no Portal das Comunidades Portuguesas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros recomenda ainda aos portugueses que se encontram no Irão que, “em podendo, se ausentem do país até que situação regresse a um clima de menor risco”.

“Os cidadãos portugueses que se encontrem no país deverão abster-se imperiosamente de participar em qualquer tipo de manifestação ou ajuntamento e afastar-se de ruas e zonas em que decorram”, alerta o Governo, desaconselhando também “em absoluto aos cidadãos portugueses que se encontrem no país qualquer viagem à província do Sistão-Baluquistão, assim como deslocações junto às fronteiras do Afeganistão e do Iraque”.

Também devem ser evitadas as regiões que fazem fronteira com a Arménia e o Azerbaijão, em particular junto ao território do Nagorno-Karabakh.

O Ministério lembra que nestas situações existe sempre possibilidade de encerramento do espaço aéreo do Irão ou cancelamentos de voos por parte de muitas companhias e que as comunicações para fora do país se encontram restringidas e as redes sociais bloqueadas.

É também desaconselhado o registo fotográfico ou de outro tipo, em particular em qualquer zona evidentemente não-turística.

“Os cidadãos nacionais que se encontrem em território iraniano devem comunicar a sua presença para o correio eletrónico da Secção Consular Embaixada de Portugal em Teerão sconsular.teerao@mne.pt, dando nota do respetivo itinerário e dos seus contactos de emergência”, refere a mesma nota.

O que dizem os chefes da diplomacia do G7?

O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, organizou hoje uma reunião com os seus homólogos do G7 para abordar a tensão no Médio Oriente.

“Juntamente com os nossos parceiros, manifestámos grande preocupação com os recentes desenvolvimentos que ameaçam provocar uma regionalização da crise, começando pelo Líbano”, afirmou numa nota após a reunião.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 apelaram “às partes envolvidas para que desistam de qualquer iniciativa que possa impedir o caminho do diálogo e da moderação e encorajar uma nova escalada”.

Para saber mais sobre este tema: 

"Israel acaba de demonstrar que, quando quer fazê-lo, elimina seletivamente, com altíssima precisão, o alvo que escolhe para matar. Tem mestria operacional alimentada por serviços secretos para o fazer sem causar danos colaterais. Mas em Gaza nem se dá a esse apuro seletivo, pratica há 300 dias o massacre que o futuro vai provavelmente fixar como prática de genocídio, em resposta à infame barbárie cometida pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. O atual governo de Israel faz o que lhe apetece e os aliados ocidentais deixam-se levar, sem capacidade para estancar a deriva criminosa que o chefe do governo de Israel, Netanyahu, está a conduzir e que ameaça continuar com a invasão do sul do Líbano".

(...)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se em sessão de emergência esta quarta-feira, horas depois das operações de alta precisão assassina, para eliminar, em Beirute e em Teerão, figuras de topo da Hezbollah e do Hamas. Essa reunião na sede da ONU em Nova Iorque  começou com um rigoroso e detalhado relatório da secretária-geral adjunta Rosemary DiCarlo (EUA) sobre os factos das horas anteriores no Médio Oriente. Logo de seguida, os embaixadores da República Popular da China e da Argélia denunciaram a “grave violação das normas que regem as leis internacionais” por parte de Israel “com prática terrorista”. Seguidamente, intervieram os embaixadores dos EUA, do Reino Unido e da França. Todos passaram ao lado dos factos das últimas horas que determinavam a convocação daquela reunião de emergência e, embora com apelos ao cessar-fogo e à paz regional, preferiram focar-se na denúncia do Irão como grande promotor do terrorismo e da instabilidade na região. 

Francisco Sena Santos, cronista do SAPO24, escreve uma análise sobre a situação no Médio Oriente, que pode ser lida aqui.

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