Casos e mais casos, desde as celebridades às vítimas anónimas: a violência doméstica continua a dominar o contexto nacional

Ana Damázio
Ana Damázio

Mais de 10 mil vítimas de violência doméstica procuraram apoio nos primeiros seis meses do ano. Os números são elevados e apontam para o flagelo no contexto nacional, demonstrando que, de dia para dia, os casos denunciados aumentam.

De acordo com o Relatório Semestral Janeiro-Junho 2024 da APAV, nesse período a associação apoiou diretamente 10.007 vítimas e fez 52.092 atendimentos, num total de 18.669 crimes e outras formas de violência.

As estatísticas indicam ainda que, durante o primeiro semestre do ano, a APAV abriu 7.037 novos processos de apoio e acompanhou outros 4.104 processos, tendo sido apoiadas uma média de 385 vítimas.

Entre todos os crimes e outras situações de violência que chegaram ao conhecimento da APAV, o crime de violência doméstica foi o mais prevaleceu, representando 77,1% no total.

A maioria das vítimas apoiadas era do sexo feminino (7.720; 77,1%). No entanto, a organização destaca a “significativa percentagem” (21,3%) de homens apoiados após serem vítimas de crime e de outras formas de violência. Do apoio prestado no primeiro semestre do ano, houve necessidade de intervir em situação de crise em 149 casos (2,1%).

Dos números para as histórias concretas

No dia de ontem acrescentou-se mais um capítulo polémico ao caso de violência doméstica que envolve José Castelo Branco e a ainda mulher Betty Grafstein.

Após meses de acompanhamento e testemunho da vida do casal, a jornalista norte-americana Alice Hines publicou uma longa reportagem na revista Vanity Fair, onde detalha vários pormenores, desde a grande quantidade de malas Louis Vuitton que o "Marchand" português tem, aos episódios agressivos para com Lady Betty: sapatos da Chanel calçados à força toda ou a viagem não desejada, mas concretizada, a Portugal.

Após a peça vir a público, José Castelo Branco continua a mostrar-se chocado com o que é dito sobre o seu tratamento à joalheira de 95 anos. E tudo isto depois de ser acusado de violência doméstica pela própria companheira de vida, denunciado pelos profissionais do hospital, onde Betty esteve internada durante algumas semanas na sequência de uma queda, e constituído arguido no caso.

Fora dos holofotes das celebridades, os acusados por violência doméstica continuam a surgir. Nos últimos a Lusa noticiou, pelo menos, três casos.

Um flagelo muitas vezes sem nomes

No último sábado, uma mulher foi hospitalizada, em Lisboa, após te sido “golpeada com vidro” pelo companheiro. A vítima de 46 anos foi estabilizada no hospital e o homem, de 31, foi detido e presente a juiz no dia seguinte.

Já no dia seguinte, a PSP de Bragança notificava a detenção de um homem de 51 anos por suspeita do crime de violência doméstica contra a sua companheira e os seus dois filhos. Segundo a mesma nota, os agentes, ao chegarem ao local, encontraram o suspeito a agredir fisicamente as vítimas.

O agressor terá desferido vários murros no tórax, rosto e membros superiores das mesmas, causando-lhes fortes dores. Além disso, foi reportado que o suspeito usou uma faca de grandes dimensões para ameaçar as vítimas, a qual foi posteriormente apreendida.

Após a detenção, o suspeito foi conduzido às salas de detenção do Comando, sendo presente ao Tribunal de Bragança. A medida de coação aplicada foi a proibição de contacto com as vítimas, devendo manter um afastamento superior a 300 metros, controlado por pulseira eletrónica.

No dia de ontem, a GNR de Cuba informou que um homem de 35 anos tinha sido detido por suspeitas de violência doméstica, devassa da vida privada e extorsão à namorada, de 34 anos.

O suspeito foi apresentado no Tribunal Judicial de Cuba, que lhe decretou a medida de coação de prisão domiciliária.

A ajuda para quem precisa de ajuda

Se é vítima de violência doméstica, ou conhece alguém que é vítima deste ou de outros crimes, não hesite em pedir ajuda às autoridades competentes.

A Linha de Apoio à Vítima (116 006) funciona de segunda a sexta-feira, entre as 08h00 e as 23h00. O email da instituição é o lav@apav.pt.

Está igualmente disponível a Linha Internet Segura (800 21 90 90), de segunda a sexta-feira, entre as 08h00 e as 22h00. O email para o qual deve contactar é linhainternetsegura@apav.pt.

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