A reta final das Eleições Americanas: quais os principais momentos da campanha?

Beatriz Cavaca
Beatriz Cavaca

Os americanos vão a votos no próximo 5 de novembro numa eleição presidencial cuja campanha tem sido marcada por vários imprevistos.

Assim, torna-se importante recordar os momentos-chave da campanha quando faltam apenas dois dias para as eleições.

As primárias

As eleições primárias começaram em janeiro.

O atual presidente, o democrata Joe Biden, não enfrentou nenhum adversário de peso no seu partido e obteve a nomeação, apesar de um movimento de protesto pelo apoio à guerra de Israel em Gaza.

No Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump teve mais concorrência, sobretudo a da ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.

Mas o sucesso do antigo presidente foi avassalador e todos os seus adversários desistiram.

Em março, tanto Biden como Trump somaram delegados suficientes para garantir a nomeação.

Era tido como certo que ambos voltariam a enfrentar-se num novo duelo eleitoral e os americanos estavam pouco entusiasmados com a ideia.

Julgamento em Nova Iorque

Um mês depois começou, em Nova Iorque, o julgamento de Donald Trump por pagamentos ocultos para silenciar uma antiga atriz pornográfica com quem teria tido uma relação extraconjugal.

Após semanas de audiências judiciais, o magnata foi considerado culpado, algo inédito para um ex-presidente americano.

Mas ainda o esperava mais uma surpresa: no fim de junho, o republicano obteve uma vitória na Supremo Tribunal e enfraqueceu os outros processos penais.

O primeiro debate

Nesse mesmo mês, mais precisamente no dia 27, a campanha teve uma reviravolta.

Donald Trump e Joe Biden enfrentaram-se num debate transmitido pela CNN.

O presidente democrata, de 81 anos, teve um desempenho muito negativo: enrolava-se a falar e às vezes parecia perdido.

O pânico apoderou-se dos democratas.

Para surpresa de todos, Donald Trump optou pela moderação diante dos problemas do rival.

Tentativa de assassinato

Numa nova reviravolta, a 13 de julho, Donald Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante um comício na cidade de Butler, no estado da Pensilvânia (nordeste). Ficou ferido na orelha direita, ao ser alvejado por tiros disparados por um homem que estava num terraço.

Com um punho para cima, foi retirado do local por agentes dos Serviços Secretos que o cercaram no palanque, enquanto murmurava a palavra "Luta".

Após um breve momento de unidade nacional, republicanos e democratas retomaram a campanha e os seus ataques.

A convenção republicana deixou evidente o domínio de Trump no Partido Republicano e este escolheu o jovem senador J.D. Vance como companheiro de luta.

J.D. Vance
J.D. Vance J.D. Vance créditos: AFP or licensors

Em setembro, o multimilionário voltou a ser alvo de outra tentativa de assassinato no seu campo de golfe na Flórida.

Semanas depois, o republicano voltou a Butler para um grande comício ao lado de Elon Musk, o homem mais rico do mundo e dono da rede social X, da Tesla e da SpaceX.

A desistência de Biden

Poucos dias após o fim da convenção republicana, mais uma reviravolta: Joe Biden anunciou que desistia da disputa à Casa Branca.

A campanha mergulhou no desconhecido.

Numa breve carta publicada nas redes sociais a 21 de julho, o presidente em fim de mandato cedeu à pressão dos democratas e às dúvidas sobre o seu estado físico e mental e anunciou apoio à sua vice-presidente, Kamala Harris, para sucedê-lo na luta contra Trump.

O sucesso de Kamala

Numa questão de horas, Kamala Harris conquistou o apoio dos principais democratas e tornou-se a nova candidata do partido num prazo recorde.

A entrada na corrida eleitoral desta mulher negra, de ascendência asiática, ex-procuradora e quase 20 anos mais jovem que Donald Trump mexeu no tabuleiro político americano.

Animada por uma onda de entusiasmo, foi nomeada candidata em agosto numa convenção em Chicago em clima de festa. E escolheu como parceiro Tim Walz, antigo professor e treinador de futebol americano que se tornou governador do Minnesota.

Debate

A 10 de setembro, Donald Trump e Kamala Harris enfrentaram-se no primeiro e único debate.

O republicano recusou-se a participar em outro confronto cara a cara com a adversária.

Começou com um
Começou com um

A democrata impôs-se e atacou o rival nos temas que mais ferem o seu ego: a sua capacidade de mobilização nos seus comícios e a sua reputação internacional.

Donald Trump fez os ataques habituais, particularmente focados no tema migratório, e acusou a adversária de ser "marxista".

O debate ficou também marcado pelo momento em que Trump pareceu estar a perder a calma e foi quando falou longamente sobre uma teoria da conspiração desmentida, de que imigrantes haitianos estariam a comer os animais de estimação das pessoas no estado do Ohio.

"Eles estão a comer os cães, as pessoas que chegaram, estão a comer os gatos", disse o ex-presidente antes de ser desmentido pelo moderador da ABC News, David Muir, que informou que as autoridades da cidade de Springfield disseram que não há registos de que isso tenha acontecido.

No fim do debate, Trump atacou ainda os moderadores e questionou a sua imparcialidade.

O debate foi acompanhado por mais de 67 milhões de telespectadores.

A reta final

À medida que se aproxima o dia D, a 5 de novembro, os dois candidatos, empatados nas sondagens, esforçam-se para convencer os eleitores indecisos.

No fim de outubro, Trump realizou um grande comício no Madison Square Garden, em Nova Iorque, a sua cidade natal.

Durante este evento, acusou a adversária de ter "destruído o país" e apresentou-se como um salvador para cerca de 20.000 pessoas, num comício no qual os seus apoiantes proferiram durante horas uma retórica marcada por racismo e sexismo.

Kamala Harris discursou dois dias depois para uma multidão na capital, Washington, D.C., no mesmo local onde o republicano incentivou os seus apoiantes momentos antes destes invadirem o Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.

A democrata prometeu escrever "um novo capítulo" da história do país.

*Com AFP

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