O príncipe Harry está, esta manhã, a prestar testemunho em tribunal no Reino Unido, naquela que é uma audiência histórica contra o Mirror Group Newspapers (MGN), um dos principais grupos de media britânicos. Em causa estão as acusações apresentadas pelo filho mais novo do Rei de Inglaterra de que os jornais desta organização terão utilizado métodos pouco ortodoxos para recolha de informação sobre a sua vida privada.

Até ao momento, sabe-se que o jornal já admitiu utilizar escutas telefónicas contra diferentes personalidades, porém nunca contra o membro da realeza em particular, segundo a BBC.

Durante esta audição no Supremo Tribunal em Londres, a primeira de um membro sénior da família real desde o século XIX, o juiz Fancourt examinará minuciosamente 33 exemplos de histórias publicadas no Daily Mirror, Sunday Mirror e The People que fazem parte de 147 que os advogados de Harry dizem ter sido fruto de recolha ilegal de notícias entre 1996 e 2010.

Numa audiência que teve lugar ontem e a que o príncipe faltou devido aos anos da filha mais nova, o Mirror Group disse ao tribunal que, na grande maioria da amostra de artigos, a origem das histórias é legítima.

Em cinco histórias em particular dizem que Harry terá que "provar" o que diz em tribunal.

Os advogados do grupo admitem ainda que em 2004 um investigador particular foi instruído para recolher ilegalmente informações relacionadas com a conduta do príncipe Harry numa discoteca, porém esse incidente não faz parte este processo.

Esta terça-feira em tribunal Harry admitiu que "não é segredo que tive e continuo a ter um relacionamento muito difícil com os tabloides no Reino Unido".

"Na minha experiência como membro da família real, cada um de nós é escalado para um papel específico pela imprensa sensacionalista. Todos começamos como uma página em branco enquanto eles descobrem que tipo de pessoa vamos ser e que tipo de problemas e tentações vamos ter. Nessa altura começam a incentivá-lo a desempenhar o papel ou papéis que melhor lhes convém e que vendem o maior número possível de jornais", referiu ainda.

Sobre como descobriu que estava a ser vítima de recolha ilegal de informação, informa que "os tabloides publicavam frequentemente artigos sobre mim que muitas vezes estavam errados, mas intercalados com trechos da verdade, que agora acho que provavelmente foram obtidos por intercetação de correio de voz e/ou recolha ilegal de informações. Estes factos criaram uma versão alternativa e distorcida de mim e da minha vida para o público em geral".

Sublinha-se que neste caso o advogado que representa o príncipe, David Sherborne, e que falou por ele ontem em tribunal, diz que existem pelo menos 30 investigadores particulares usados ​​pelo Mirror Group para obter informações sobre Harry, expostos nos 147 artigos de jornal enviados para apoiar esta afirmação.

Recorde-se que, além do processo contra o Mirror Group Newspapers, o príncipe tem ainda mais dois processos em curso contra o News Group Newspapers, donos do tabloide The Sun, e a Associated Newspapers, dona do Daily Mail e do Mail on Sunday. Nestes casos, Harry terá ainda de aguardar a decisão sobre se serão levados a tribunal.

Além destes, também esta terça-feira está a decorrer em Washington DC o processo que pode levar Harry a perder o seu visto para permanecer nos Estados Unidos (EUA), após confessar a utilização de drogas no seu livro de memórias SPARE, lançado em janeiro deste ano.

Em causa está o facto do filho de Carlos III ter confessado e descrito no seu livro como consumiu drogas, nomeadamente cocaína, canábis e cogumelos mágicos. Como consequência desta situação a Heritage Foundation, um think tank conservador norte-americano com sede em Washington, instaurou um processo para que o seu visto, que lhe permite a permanência nos EUA, seja investigado.

Destaca-se que é obrigatório quando se submete um visto nos EUA ter de se confessar o uso de drogas, caso esta seja uma realidade para o requerente, algo que a instituição quer clarificar se foi feito.