O Papa Francisco assinala hoje 10 anos como líder da Igreja Católica, marcados pela guerra na Ucrânia e pelo escândalo dos abusos sexuais de menores na Igreja. O Sumo Pontífice descreve uma década a "viver em tensão", e por isso, agora só pede paz.

Os seus três sonhos para a Igreja e para a humanidade são "a fraternidade, as lágrimas e os sorrisos". Em nota de conselho diz: "Se se esquecerem de chorar, alguma coisa está errada. E se se esquecerem de sorrir, está ainda pior".

Um dos maiores desafios dos últimos 10 anos do Papa Francisco tem sido o dos escândalos sexuais na Igreja, que têm marcado a discussão pública em Portugal nas últimas semanas, desde que o relatório e a lista dos alegados abusadores foram apresentados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja.

O Papa Francisco também destacou a guerra, lamentando ser o Papa "da Terceira Guerra Mundial". Admite que pouco lhe importa se são russos ou ucranianos, dói-lhe ver jovens mortos pela guerra.

Foi no dia 13 de março de 2013 que o papa assumiu a liderança da Igreja Católica, e confessa que, para si, "parece que foi ontem".

Desde então, um dos seus maiores gestos foi em 2019, quando expulsou o cardeal americano Theodore McCarrick, que tinha sido condenado por agressões sexuais a menores, prometendo uma política de "tolerância zero".

O pontífice também criou uma comissão para a proteção de menores, e mudou algumas medidas, nomeadamente relacionadas com o segredo pontifício sobre crimes de abuso sexual e com a obrigação de denúncia de qualquer caso relacionado com abusos. O segredo da confissão continua, no entanto, inabalável.

Na luta por uma aproximação da Igreja aos seus fiéis, o Papa deu prioridade a países do leste europeu e África, e também dialogou com todas as religiões, especialmente a Islâmica, como demonstrou a sua visita ao Iraque em 2021.

Nos seus 10 anos de pontificado também conseguiu um acordo inédito com o regime Chinês em 2018, sobre a complicada questão da nomeação de bispos na China.

Nos dias que correm, com a Guerra da Ucrânia, continua a defender a paz, mas tem tido imensas dificuldades. Quanto ao futuro, a sua renúncia não está na agenda, "de momento".

"Acredito que o ministério do Papa é ad vitam (para a vida). Não vejo qualquer razão para que não seja assim", prontificou Francisco numa entrevista ao jornal La Civiltà Cattolica. 

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pelo jornalista Manuel Ribeiro.