Apenas não, “apenas”. Há que empregar o uso de aspas para distinguir entre o que os comuns mortais conseguem atingir do que Patrícia Mamona fez neste domingo.

A atleta portuguesa, exímia praticante do triplo salto, era uma das maiores promessas para trazer uma medalha para Portugal. Chegados à altura do almoço, muitos foram aqueles que certamente ligaram a televisão — ou sintonizaram a rádio — para ver se Mamona se juntaria ao seu “colega” do Sporting, Jorge Fonseca, medalhado a bronze há dias.

Patrícia Mamona cumpriu: depois de Nelson Évora trazer o ouro de Pequim em 2008, a atleta encontrou prata um pouco mais a oriente, em Tóquio, 13 anos depois da última medalha no triplo salto.

Conseguir igualar o feito de Évora era tarefa quase impossível, ou não estivesse a competir com Yulimar Rojas, venezuelana que pulverizou o recorde mundial por 17 centímetros (firmado pela ucraniana Inessa Kravets em 1995), estabelecendo a marca num longínquo patamar de 15,67 metros.

Isto, porém, em nada minimizou o feito de Mamona, que conseguiu o curioso feito de por duas vezes ultrapassar o recorde nacional… que já tinha sido por si estabelecido este ano. Depois de atingir os 14,66 metros a 9 de julho, na etapa do Mónaco da Liga de Diamante, hoje chegou aos 14,91 metros no seu primeiro salto e depois aos 15,01 metros no quarto.

Ao fazê-lo, a atleta entrou num exclusivo clube de 25 mulheres a ultrapassar essa marca dos 15 metros, cimentando-se na 24ª posição. A proeza não lhe foi alheia. “Estou na equipa dos 15 metros, faço parte das melhores do mundo", disse, por entre lágrimas, à RTP, após a conquista do segundo lugar do pódio.

Corolário de todo o esforço da mulher que começou em menina a treinar às escondidas dos pais na esperança de um dia vir a ser medalhada, Mamona é vice-campeã olímpica mas ainda não recebeu a medalha — tal virá a acontecer esta madrugada. Até lá, é aproveitar.

Entretanto, prova de que tudo na vida é relativo, até mesmo (ou melhor, especialmente) a distância, tanto é possível atravessar 15 metros para chegar à glória como ficar a 5 centímetros da mesma.

Isso foi precisamente o que faltou a Auriol Dongmo, lançadora do peso nacional, para chegar ao bronze. Enquanto o país se encheu de euforia para celebrar Mamona, horas antes, na madrugada deste domingo, a mais aguda das frustrações atingiu a sua concidadã, que passou a representar Portugal em 2019 depois de vários anos a competir pelos Camarões.

Dói-me muito, ficar em quarto lugar é a coisa mais horrível da minha vida", admitiu. Mas este texto não serve para chorar sobre leite derramado, pelo contrário. Paris2024 está a apenas três anos de distância e este ano há ainda a Liga de Diamante, em setembro.

Mas foquemos para já no que resta destes Jogos Olímpicos, que a procissão ainda vai no adro e esta segunda-feira há possibilidade de mais conquistas: se Liliana Cá disputa a final do lançamento do disco, José Costa e Jorge Lima lançam-se na corrida por uma medalha na vela, na regata de 49er. Além disso, é também dia em que a canoagem nacional entra em cena, com especial destaque para Fernando Pimenta, que só vai competir em K1, sendo que foi medalha de prata em Londres2012 em K2, juntamente com Emanuel Silva. De resto, é consultar o calendário.

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