Falamos do Novo Banco e do novo cheque passado pelo Estado e pelos outros bancos no valor de 1035 milhões de euros - seria 1037 milhões, mas foram descontados dois milhões que estavam a título de bónus previstos para os administradores em 2020. De notar que estes dois milhões foram descontados no valor transferido pelos outros bancos, já que a fatia de leão, a do Estado, se manteve intacta perfazendo 850 milhões.
Se para os mais distraídos pode parecer que se está a discutir a nova transferência, vale a pena esclarecer que não é bem assim. A discussão em torno da nova tranche a injetar no Novo Banco teve início com uma pergunta sobre se o primeiro-ministro tinha ou não conhecimento que uma nova transferência para o Fundo de Resolução tinha tido lugar. António Costa começou por negar, acabou a pedir desculpa pelo desconhecimento e avançou depois com a condição de uma auditoria para que a transferência fosse efetiva.
Recapitulando:
- Na quinta-feira da semana passada, dia 7 de maio, a líder do Bloco de Esquerda interpelou o primeiro-ministro na Assembleia da República sobre uma nova transferência para o Fundo de Resolução tendo em vista a recapitalização do Novo Banco
- António Costa António respondeu que não haveria transferências até que a auditoria àquela instituição bancária estivesse concluída
- No dia seguinte, 8 de maio, o primeiro-ministro corrigiu a informação prestada, pedindo desculpas a Catarina Martins e explicando que o Ministério das Finanças não o informara de que essa transferência tinha sido efetuada na véspera
- Nesta terça-feira, dia 12 de maio, o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno assumiu que houve uma falha de comunicação no Governo
- Hoje, na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) do parlamento, Mário Centeno sublinhou que a transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução destinado à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro. "Não, não foi à revelia, não há nenhuma decisão do Governo que não passe por uma decisão conjunta do Conselho de Ministros", disse o ministro de Estado e das Finanças
- Também hoje, 13 de maio, o Presidente da República entrou na discussão quando no fim de uma visita à Autoreuropa afirmou concordar com a posição assumida por António Costa - que "esteve muito bem" - em remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018
- Ao final da tarde, o presidente do PSD, Rui Rio veio exigir a demissão de Mário Centeno, afirmando que o ministro "não tem condições para continuar" segundo escreveu numa publicação na sua conta oficial da rede social Twitter.
- O dia terminou com António Costa e Mário Centeno reunidos em São Bento, especulações sobre a continuidade ou não do ministro no governo e um comunicado final que sela - até ver - a paz e a permanência daquele que já foi apelidado como o Cristiano Ronaldo das Finanças.
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