António Costa falava aos jornalistas depois de confrontado com a mais recente proposta do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, para ultrapassar divergências entre os Estados-membros da coesão e os países contribuintes líquidos.

O presidente do Conselho Europeu propôs uma revisão em baixa do orçamento plurianual 2021-2027 para 1,07 biliões de euros, mas manteve o Fundo de Recuperação nos 750 mil milhões de euros. António Costa, no entanto, disse que ainda não tinha conhecimento concreto desse documento.

"Estive nesta reunião com o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, e antes estive num telefonema longo com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. Só durante vou analisar essa proposta", justificou.

No entanto, em relação ao Conselho Europeu dos próximos dias 17 e 18, o primeiro-ministro classificou-o como "muito exigente", sendo "sabido que há uma minoria de países com uma posição contrária à proposta da Comissão Europeia, que é já em si um grande esforço de compromisso".

"Sinto que há de todos a consciência de que, havendo posições diferentes, temos mesmo de chegar a acordo e que a situação económica e social da Europa não é compatível com mais adiamentos", afirmou.

António Costa disse depois ter sentido essa vontade de acordo na sequência da conversa telefónica de hoje com a sua colega dinamarquesa, esperando que esse estado de espírito também seja partilhado pelo seu homólogo holandês, Mark Rutte, com quem se encontrará na segunda-feira, em Haia, antes de seguir na terça-feira para Budapeste.

"Não podemos perder mais tempo na capacidade de resposta e na robustez dessa resposta. As posições estão ainda afastadas, mas há um dado positivo que é a vontade de todos chegarem a acordo", apontou.

O primeiro-ministro português considerou ainda positivo a existência "de um intenso ritmo de contacto" entre todos os líderes europeus, tendo em vista a obtenção de um acordo já na próxima semana.

"Neste momento, o diálogo é muito fluido entre todos e há um intenso ritmo de contacto entre todos. Para ultrapassarmos problemas, é importante tentarmos compreender o problema dos outros e também que os outros compreendam o nosso problema. Esse é o primeiro passo para um ponto de entendimento", defendeu o líder do executivo, deixando depois um aviso.

"Seria muito negativo para a Europa se não chegássemos já a um ponto de entendimento nos próximos dias 17 e 18", acrescentou.