No decurso de um painel organizado pela revista The Atlantic, Blinken considerou ser este o motivo pelo qual em diversos momentos da ofensiva russa, onde foram emitidos alertas, não se cumpriram os piores receios dos aliados.

“Houve momentos em que a preocupação foi muito elevada. Por exemplo, quando os ucranianos contra-atacaram na primavera e obtiveram um êxito significativo. Houve palavras da parte de Moscovo de que admitia o uso de armas nucleares táticas”, disse Blinken na sua intervenção, na véspera do primeiro aniversário da invasão militar russa em larga escala.

Os Estados Unidos e outros países, acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana, falaram diretamente com os seus homólogos russos para manifestar a sua “absoluta oposição” ao uso deste tipo de armamento.

“A última coisa que Putin necessita é uma guerra mais ampla, uma guerra na qual se envolva a NATO”, considerou.

Em simultâneo, Antony Blinken também indicou que a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia tem em consideração a necessidade de evitar uma escalada do conflito.

“O nosso apoio à Ucrânia é fundamental e estaremos com eles o tempo necessário. Mas não queremos dirigir esta guerra e decerto não queremos fazer nada que provoque uma confrontação mais ampla”, disse.

Segundo Blinken, a Ucrânia já garantiu de alguma forma uma vitória, pelo facto de a Rússia não ter conseguido erodir o objetivo inicial de apagar a identidade do país como independente e soberano.

O secretário de Estado norte-americano recordou que Washington já estava a prever os planos da Rússia e assegurou que a Ucrânia tinha na sua posse “o necessário” antes da invasão de 24 de fevereiro de 2022 para repelir esse primeiro ataque.

Numa referência à ajuda que os Estados Unidos têm concedido à Ucrânia, Blinken indicou que não deve ser apenas prevista a entrega de armamento, mas também a forma como Kiev pode utilizá-lo de forma efetiva e a sua integração num plano coerente de batalha.

“Não é tão simples como alguns dizem”, indicou Blinken, para quem será necessário assegurar que a Rússia não esteja em condições de repetir manobras semelhantes “em um ano ou em cinco”, e após o fim do atual conflito.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).