Os combates começaram na sexta-feira, com a morte do “número dois” da Jihad Islâmica na Cisjordânia ocupada, na sequência de um ataque preventivo de Israel que continuou durante a noite, aproximando os dois lados de uma guerra total.

O movimento palestiniano Hamas manteve-se, no entanto, à margem do conflito, o que conseguiu conter a sua intensidade.

Israel e Hamas travaram quatro guerras e várias batalhas menores nos últimos 15 anos.

O primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, afirmou, numa declaração feita na sexta-feira na televisão nacional, que o seu país lançou os ataques devido a “ameaças concretas” e garantiu que o Governo tem uma política de “tolerância zero para com qualquer tentativa de ataque — de qualquer tipo — de Gaza”.

“Israel não está interessado em mais conflitos em Gaza, mas não ficará de braços cruzados perante ataques”, acrescentou.

Os ataques israelitas foram condenados pelo Hamas e pela Fatah, que domina na Cisjordânia, tendo ambos considerado que Israel está “novamente a cometer crimes”, ameaçando retaliar.

O enviado da ONU para o Médio Oriente, Tor Wennesland, pediu para que seja evitada uma nova escalada de violência na Faixa de Gaza e para que terminem “imediatamente” os confrontos entre as partes.

Tor Wennesland alertou que os acontecimentos recentes, como “os progressos alcançados na abertura gradual” da Faixa de Gaza desde maio, correm o risco de “esmorecer” e podem implicar “necessidades humanitárias ainda maiores” num contexto de crise económica, referindo que a ajuda internacional “não estará prontamente disponível”.

Os bombardeamentos israelitas, segundo o exército do país, antecederam uma “ameaça iminente” de um ataque de Gaza e provocaram, até agora, pelo menos 11 mortos e 55 feridos.

Um dos mortos é Taiseer al-Jabari, líder do braço armado da Jihad Islâmica no centro e norte de Gaza, que chefiou a unidade responsável pelo lançamento de vários mísseis contra Israel durante a escalada do conflito em maio de 2021, segundo o exército israelita.

De acordo com o Ministério da Saúde palestiniano, entre as vítimas está também um menino de cinco anos que, tal como Al-Jabari, morreu num ataque aéreo a um edifício residencial na cidade de Gaza, que alberga escritórios de meios de comunicação e organizações não-governamentais.

Por sua vez, a Jihad Islâmica indicou ter disparado “mais de 100” ‘rockets’ contra Israel, como “primeira resposta” aos ataques israelitas contra o enclave palestiniano.

Esta vaga de violência representa um teste para Yair Lapid, que assumiu o cargo de primeiro-ministro interino em novembro, mas espera manter-se no cargo.

Lapid, um ex-apresentador de televisão que se tornou um político do centro partidário, tem muita experiência em diplomacia, já que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo cessante, mas tem pouca em política de segurança.

Um conflito com Gaza pode constituir um impulso na sua luta contra o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, um ‘falcão’ experiente em questões de segurança, que liderou o país durante três das quatro guerras com o Hamas.

O Hamas também enfrenta um dilema, já que tem de decidir se participa neste novo conflito, apenas um ano depois de a última guerra ter causado uma devastação generalizada.

Desde então, o território costeiro isolado está mergulhado em pobreza, com o desemprego a rondar os 50%.

Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza desde 2007, quando o movimento islamita Hamas assumiu o poder no enclave, um território com cerca de 2,3 milhões de habitantes que têm enfrentado situações de pobreza e de desemprego.

Israel e grupos armados em Gaza têm travado vários conflitos, o último dos quais aconteceu em maio de 2021.

A guerra, que durou 11 dias, causou a morte de 260 palestinianos, incluindo muitos combatentes, e 13 israelitas, incluindo um militar, segundo as autoridades locais.