Os estados membros decidiram, adicionalmente às contribuições regulares, doar ao Fundo de Paz e Segurança 10 milhões de dólares [9,1 milhões de euros] adicionais”, disse Smail Chergui.

O comissário da UA falava hoje, em conferência de imprensa, em Adis Abeba, no último dia da cimeira da organização.

Smail Chergui adiantou que estes 10 milhões de dólares vêm juntar-se aos 154 milhões de dólares (140,6 milhões de euros) já disponíveis no fundo.

“Com esta nova contribuição esperamos poder operacionalizar o fundo em breve”, afirmou.

Durante o encontro com a imprensa, o comissário fez ainda um ponto de situação sobre a paz e segurança em África, abordando os principais conflitos no continente: Líbia, Sahel, Mali, República Centro-Africana, Sudão, Somália e Sudão do Sul.

O responsável da União Africana apontou como prioritária a intervenção no Sahel, nomeadamente através de um reforço do treino da Forças Armadas destes países e da revisão da operação G5-Sahel.

“O terrorismo está a atingir estes países e a avançar para outras regiões”, salientou, apontando como exemplo o norte de Moçambique.

O comissário acrescentou que, por isso, irá realizar-se “uma cimeira extraordinária da UA em maio, na África do Sul, para analisar as raízes dos problemas, país a país, para encontrar soluções”.

Smail Chergui lembrou, por outro lado, as responsabilidades da Organização das Nações Unidas (ONU), defendendo a necessidade de adaptar o mandato da Minusma (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali), bem como de assegurar “financiamento previsível” para o programa de silenciamento das armas no continente.

O comissário mostrou-se satisfeito com os desenvolvimentos no Sudão, mas manifestou preocupação com a situação de pobreza que assola o país, reforçando o apelo para o levantamento das sanções, incluindo a retirada do país da lista norte-americana de Estados que apoiam o terrorismo.

“Sem o levantamento de sanções, nenhuma entidade financiará o desenvolvimento do país”, frisou.

No mesmo sentido, defendeu o levantamento de sanções ao Zimbabué, que duram há mais de 20 anos.

As situações no Sudão do Sul, onde apesar dos acordos alcançados continua por formar o Governo de unidade nacional, e na República Centro-Africana, onde prevalecem focos de violência étnica, preocupam igualmente Smail Chergui, que considera, no entanto, haver motivos para algum otimismo.

“Na República Centro-Africana, estamos relativamente confiantes. As instituições do Estado estão a regressar a várias regiões do país e há uma adesão de todos ao acordo de paz”, vincou.

O comissário adiantou que há agora o desafio de preparar eleições no final do ano, salientando que apesar das contribuições não há ainda financiamento garantido para a sua realização.