Quem me conhece sabe que não passo um dia sem elevar o distrito de Leiria, de onde sou natural, a primeira maravilha do mundo. Hoje foi um daqueles dias em que tive de engolir a megalomania do discurso, atingido pela notícia matutina do JN, que me envergonhou enquanto leiriense: à volta das casas do Bairro Social da Integração, renovadas, foi construído um muro de dois metros que separa o bairro das vivendas e tapa a vista.

“Dizem que nos temos de integrar na sociedade, mas construíram aqui um muro de Berlim”, diz Sandra Mafra, uma das residentes do bairro, ao JN, numa revolta que ouço aqui em Lisboa e que me dói.

Hoje cada voz que ecoa nas listas de notícias vem com um adjetivo forte. Aflitivo, com a notícia do erro identificado pela Autoridade Tributária e Aduaneira na liquidação de declarações de IRS relativas a 2015, o que implicou um novo apuramento do imposto em cerca de 10 mil declarações no valor de 3,5 milhões de euros. Sebastiânico, com José Mourinho a regressar a um banco de suplentes, um ano e meio depois de ter saído de Old Trafford e a assinar contrato com o Tottenham, sucedendo assim a Pochettino. Revoltado, com as manifestações no Iraque e na Bolívia. Contestatário, em Itália, com o Bella Ciao na ponta da língua.

As manifestações e denúncias não são exclusivas do dia de hoje - amanhã continuam com a manifestação da PSP e GNR -, mas no dia em que Portugal se despede de José Mário Branco é bom ver que ainda há inquietações, umas mais felizes do que outras, umas mais importantes do que outras, sejam de que ordem for estão lá e isso importa.