“Não iniciaremos uma guerra, mas se um país ou uma força cruel nos quiser intimidar, a República Islâmica do Irão responderá com firmeza”, afirmou Raisi num discurso na província meridional de Hormozgan divulgado pela presidência iraniana.

Raisi disse que a capacidade militar iraniana não constitui uma ameaça para nenhum país e que “é um gerador de segurança”.

“Os países da região podem depender deste poder”, afirmou, citado pela agência espanhola Europa Press.

O líder iraniano defendeu ainda a importância do “poder da fé” e questionou se os palestinianos na Faixa de Gaza “têm uma marinha, uma força aérea e equipamento para forças terrestres”.

“O que eles têm é o poder da fé”, declarou, referindo que o que está a acontecer em Gaza “é a superioridade de um povo honrado contra agressores malvados”.

“Após 110 dias, o povo da Palestina e de Gaza saiu vitorioso e o regime sionista e os seus apoiantes, incluindo o regime criminoso dos Estados Unidos, são os perdedores”, acrescentou.

As declarações de Raisi surgiram apenas dois dias depois de o chefe da Guarda Revolucionária do Irão, Hosein Salami, ter avisado Washington de que Teerão “não deixará nenhuma ameaça sem resposta”.

Os avisos de Teerão seguem-se a acusações de Washington contra o país da Ásia Central devido a ataques de milícias pró-iranianas contra bases norte-americanas na região.

Os Estados Unidos prometeram responder ao ataque de um ‘drone’ perpetrado no fim de semana por uma milícia pró-iraniana contra uma base na Jordânia, que causou a morte de três militares e cerca de 40 feridos.

O Irão dissociou-se do ataque e descreveu as acusações como infundadas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hosein Amirabdolahian, apelou a Washington para que “pare com a linguagem das ameaças” e se concentre em encontrar uma solução política para a crise do Médio Oriente.

O ministro também avisou que “a resposta do Irão a qualquer ameaça será imediata e decisiva”.

Um porta-voz do ministério disse na segunda-feira que “os grupos de resistência na região não recebem ordens do Irão para as suas decisões e ações”.

A tensão no Médio Oriente aumentou desde que começou a guerra entre Israel e Hamas em 07 de outubro de 2023, após um ataque do grupo extremista palestiniano que causou cerca de 1.200 mortos, segundo as autoridades israelitas.

A resposta de Israel provocou já mais de 27.000 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Hamas, e a destruição de parte significativa das infraestruturas do território, que tinha cerca de 2,3 milhões de habitantes.

O Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, controla a Faixa de Gaza de 2007.

O conflito envolveu já a milícia libanesa Hezbollah, os rebeldes huthis do Iémen e outros grupos extremistas na região controlados pelo Irão.