Em resposta a perguntas dos jornalistas, durante um percurso a pé no centro de Beja, que durou cerca de uma hora e meia, Rui Rio voltou a acusar António Costa de deturpar as propostas do PSD e usou a expressão "faltar à verdade", acrescentando que se continuar assim acabará a ter de "dizer que ele mente".

"Acho que o doutor António Costa está efetivamente na iminência de perder as eleições. E acho que ele, por aquilo que fez na política ao longo de toda a sua vida, que tem uma carreira política muito longa, podia perdê-las com dignidade", sugeriu, em seguida.

O presidente do PSD reforçou esta mensagem: "Espero que ele aproveite os últimos dias para, no caso de as perder, que é bem provável, que perca com dignidade. Não ande agora aqui a amedrontar as pessoas, a dizer que eu disse isto quando eu não disse, a dizer que eu menti aqui quando não menti. É isto que é lamentável".

Segundo Rui Rio, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro tem contribuído para que a campanha para as legislativas de domingo "esteja a baixar um bocado de nível", porque está "permanentemente a deturpar, a deturpar, a deturpar" o programa do PSD.

"Eu procurei até dar um certo tom de humor, aqui, acolá. Eu acho que é importante, temos de andar bem dispostos, não vale a pena andarmos aqui todos à pancada uns aos outros. Lutamos com ideias, mas podemos andar bem dispostos. Portanto, era a última coisa que eu queria, sinceramente, é que a campanha acabasse dessa forma", declarou.

Rui Rio acusou António Costa de fazer crer que está no programa do PSD "aquilo que lhe dava jeito que estivesse, mas não está" – como "pôr a Segurança Social na bolsa, pôr as pessoas a pagar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para lá do que já pagam através dos seus impostos" – para o colocar "muito à direita".

"Mas o PSD não está à direita, está ao centro, é um partido equilibrado, e o que está lá é equilibrado", defendeu.

Sobre as medidas que estão no programa do PSD condicionadas à conjuntura, o presidente do PSD argumentou que isso corresponde a assumir compromissos "de forma séria", tendo em conta que se houver "uma crise económica profunda" será necessário "ajustar as propostas".

"Se não, sou igual aos outros, e não quero ser igual aos outros", afirmou.

Interrogado sobre as sondagens, o presidente do PSD respondeu que "há para todos os gostos, com disparidades brutais, o que retira qualquer credibilidade, mas quem anda nisto percebe que se pretende com isso animar uns e desanimar outros".

"Eu com sondagens nem fico animado nem desanimado, porque não confiro credibilidade", acrescentou.

Para Rio, são mais credíveis as opiniões que recolhe diretamente, junto das pessoas com quem contacta, que por sua vez falaram com outras, que indicam uma subida do "grau de aceitação" do PSD.

"Muita gente me conta que determinada pessoa votava no PS e vai votar no PSD, determinada pessoa não costumava votar e agora vai votar no PSD, determinada pessoa estava a pensar votar no Chega e afinal vai votar no PSD para tirar o doutor António Costa", relatou, concluindo: "Isto é que é, entre aspas, uma sondagem".

Rio considera que portugueses não irão compreender um regresso da 'geringonça'

O presidente do PSD considerou hoje que os portugueses não irão compreender um regresso da ‘geringonça’ meses depois de o chumbo do Orçamento ter levado a eleições por falta de entendimento do PS com BE e PCP.

Rui Rio, que falava aos jornalistas durante um ação de campanha nas ruas de Beja, apontou a abertura manifestada pelo secretário-geral do PS para dialogar com o Bloco de Esquerda (BE) como mais "um dos ziguezagues" de António Costa.

Em seguida, observou: "Eu não sei como é que conseguem reerguer a 'geringonça' na exata medida em que o BE e o PCP fizeram determinadas reivindicações para aprovar o Orçamento de 2022".

"O doutor António Costa não deu, não cedeu, por isso é que estamos em eleições", referiu o presidente do PSD, questionando: "E agora em fim de fevereiro ou em março o PS já está disponível para dar aquilo que não estava disponível há dois meses?".

"Mas então, se era para dar, tinha dado há dois meses e não andávamos em eleições e a criar esta instabilidade, com o BE e o PCP a dizer que a culpa é dele e ele a dizer que a culpa é do BE e do PCP. Se isso vier a acontecer, eu acho que os portugueses não vão perceber", concluiu.

Segundo Rui Rio, António Costa não tem "quase nenhuma saída" para governar, restando-lhe "pedir a maioria absoluta, como pediu", mas que no seu entender "é quase impossível" e "seria um bocadinho de mais face aos resultados destes seis anos de governação".

Sobre um eventual entendimento entre PS e BE, o presidente do PSD disse ter visto António Costa "sempre a distância" até esta altura da campanha, em que "afinal já fala com toda a gente, já fala também com o BE".

Rui Rio apontou como outros "ziguezagues" de Costa a possibilidade de venda de mais de 50% do capital da TAP por um Governo do PS e a eventual reversão do fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro no parlamento, uma medida acordada com o PSD na atual legislatura.

"O PS é um partido que ao longo dos tempos, e em particular neste consulado do doutor António Costa, completamente avesso a qualquer reforma", sustentou, a propósito do fim debates quinzenais: "Qualquer reforma que se procure fazer, à primeira resistência, o PS cede".

(Notícia atualizada às 16h42)