Falando aos jornalistas depois de ter participado numa conferência no ISCTE, intitulada “O futuro do trabalho visto pelos jovens”, Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à demissão dos dez chefes de equipa de cirurgia do Hospital Santa Maria formulando “um desejo”.

“O que eu desejo é que seja possível reaproximar os pontos de vista e ultrapassar esta como outras situações que sejam situações que possam criar engulhos, bloqueamentos, naquilo que é fundamental na vida dos portugueses e que se chama saúde. É sempre importante, neste momento é mais importante”, referiu.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é necessário aproximar “as estruturas e os responsáveis de saúde destes profissionais de saúde numa área muito sensível que são as urgências”, numa altura em que se procura, simultaneamente, “vacinar mais e mais depressa” e, por outro lado, “acorrer a várias doenças, a várias situações, muitas delas de urgência”.

“E, portanto, tudo o que seja neste momento paragem, ou seja crise, ou seja problema no funcionamento de saúde, é indesejável”, indicou.

Os dez chefes de equipa de cirurgia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, demitiram-se do cargo e nove vão deixar de fazer urgências porque têm mais de 55 anos, disse hoje à Lusa uma fonte sindical.

Os chefes de equipa de urgência cirúrgica tinham enviado em 10 de novembro uma carta ao diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), de que faz parte o Hospital Santa Maria, na qual apresentavam a sua demissão em bloco a partir de hoje.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, João Proença, afirmou que o Conselho de Administração do CHULN “não deu qualquer resposta às pretensões dos médicos que eram muito claras”, pelo que foi concretizada a demissão.

“Os colegas exigiram que fossem tomadas medidas para que o banco de urgência continuasse a ter uma vida normal, porque só eram duas pessoas, um chefe de equipa e um especialista, e precisavam de seis pessoas diferenciadas”, disse o dirigente sindical.

Por outro lado, nove dos dez médicos que se demitiram do cargo de chefia já têm mais de 55 anos e, ao abrigo da lei, podem pedir dispensa do trabalho nas urgências.

João Proença adiantou que os médicos fizeram “uma proposta de linha vermelha” ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), mas como este respondeu de “forma evasiva” decidiram que, a partir de dezembro, vão comunicar que "já não fazem urgência porque têm mais de 55 anos”, além de irem limitar as horas extraordinárias.