O Presidente da República falava aos jornalistas durante uma visita à livraria Strand, fundada em 1927, em Nova Iorque, a propósito do discurso que fará hoje no debate geral da 73.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e da sua opção por não aplaudir Donald Trump, na terça-feira.

"Eu, há bocado, vi um resumo das Nações Unidas das várias posições e dava-se algum relevo a essa posição. Mas, se olharem para a sala, foi a posição mais comum. A União Europeia como um todo tomou essa posição e vários outros países tomaram essa posição, que é não se reconhecerem nisso", referiu.

O chefe de Estado disse que "países asiáticos, países africanos, países latino-americanos precisam da conjugação de esforços, portanto, precisam do multilateralismo" e que "o multilateralismo serve melhor o mundo, mas também serve melhor Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que hoje irá "expor a posição portuguesa" contra o unilateralismo: "Nós entendemos que isto é uma visão de curto prazo, dura um momento. Pode ser útil para campanha eleitoral, pode ser útil para um discurso interno, mas não é uma visão sustentável em termos internacionais".

"Nós entendemos que foi assim que, há cem anos, começou a crise da Sociedade das Nações e foi assim que se criou um grande problema no mundo", alertou.

“Portanto, nós pensamos exatamente o contrário. É preciso diálogo, é preciso multilateralismo, é preciso haver circulação das pessoas e das ideias, é preciso um esforço conjunto para resolver os grandes problemas da humanidade. São duas visões", acrescentou.

Na terça-feira, na abertura do debate geral desta sessão da Assembleia Geral da ONU, Donald Trump rejeitou "a ideologia do globalismo", em favor da "doutrina do patriotismo".

Questionado se entende que o multilateralismo é incompatível com o patriotismo, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Não. Como disse ontem [terça-feira] o secretário-geral [da ONU], António Guterres, no almoço que ofereceu aos chefes de Estado e aos chefes de Governo, o verdadeiro patriota é, ao mesmo tempo, um cosmopolita".

"Defende tanto mais a sua pátria quanto tem a noção de que, ao mesmo tempo, é um cidadão do mundo, que não está isolado - porque não está isolado, ninguém vive numa ilha. Portanto, esse equilíbrio entre o defender o que é patriótico e, ao mesmo tempo saber compreender como conjugar a vontade com os outros para resolver os problemas comuns", sustentou.

O Presidente da República disse que "esse é o equilíbrio fundamental", mas que "o mundo, neste momento, tem algumas tendências desequilibradas".

"E essas tendências desequilibradas nunca acabaram bem", advertiu.

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