“Somos o Partido Comunista Português, com a sua identidade comunista de sempre”, reiterou Jerónimo de Sousa no seu discurso de abertura do XX Congresso do PCP em Almada.

De entre os vários discursos que marcaram a abertura da reunião da família comunista, era este que todos queriam ouvir. A voz da liderança que traz, pela primeira vez, o partido no arco da governação a um Congresso. Do outro lado, os delegados levantam-se e erguiam os punhos gritando “PCP!”.

Jerónimo de Sousa trouxe ao púlpito a Posição Conjunta, um dos pilares que sustenta o Governo minoritário do Partido Socialista, e um dos temas referido como sendo dos mais fraturantes dentro do partido. O Secretário-geral do PCP enalteceu as possibilidades do pacto com o PS, que permitiu “concretizar avanços”, mas realçou sempre que isso não diminuiu a luta ou identidade do partido

Mesmo reconhecendo que os passos a dar são “limitados” porque, salienta o líder comunista, não se pode esquecer o facto “de estarmos perante um governo PS com a sua opção de não se libertar das imposições europeias (...) e do grande capital, como é exemplo a resolução do BANIF”, Jerónimo de Sousa realça os resultados obtidos, nomeadamente, a “reposição dos salários e das 35 horas de horário de trabalho na administração pública, a eliminação faseada da sobretaxa do IRS, a reposição dos feriados roubados, a reversão dos processos de privatização das empresas públicas de transportes, o aumento do salário mínimo nacional, o aumento do abono de família” entre outros.

No fim de contas, o PCP segue igual a si mesmo dentro da correlação de forças que existe na Assembleia da República e não cai em ilusões, sustenta o líder. “A nova fase da política nacional não traduz um governo de esquerda, nem uma situação em que o PCP seja força de suporte ao governo por via de um qualquer acordo de incidência parlamentar que não existe”.

A União Europeia continua a ser um enorme muro entre socialistas e comunistas, e um tópico de luta que o líder comunista não esquece: “A integração de Portugal na CEE, na União Europeia e no Euro foi e é um dos elementos estruturantes da contra-revolução da recuperação monopolista e dos ataques às conquistas de Abril”. São instituições de uma “matriz política e ideológica, impossível de ser democratizada, humanizada ou refundada; (...) capitalista”, sublinhou.

O Governo de coligação PSD/CDS não foi esquecido e o seu ‘derrube’ foi elevado a uma das maiores conquistas deste pacto de apoio ao executivo de António Costa. Jerónimo reafirmou que o Governo de direita deixou “um rasto de destruição de força e capacidade produtivas e abandono do investimento público". Agora, “está presente um compromisso de reverter direitos e rendimentos esbulhados aos trabalhadores e ao povo e inverter o rumo de desastre que vinha sendo imposto”.

Sobre a durabilidade do atual quadro político, o secretário-geral do PCP passa a “batata quente” para o lado do Governo: “depende diretamente da adoção de uma política que assegure a inversão do rumo de declínio e retrocesso impostos pelo governo anterior e corresponda aos interesses e aspirações os trabalhadores e do povo”.

Foi dado o mote. Está aberto o XX Congresso do PCP.

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