A história de um avião com droga, envolvendo o nome de João Loureiro, ex-presidente do Boavista, não começou agora.

A 27 de janeiro de 2021, o empresário descolou do Aeródromo Municipal de Tires, em Cascais, rumo ao Brasil, tendo aterrado no aeroporto de Salvador, no estado da Bahia, e posteriormente, descolado de Salvador para o aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo, onde ficou estacionado cerca de uma semana.

A 6 de fevereiro, a viagem continuou. O Falcon 900 levantou voo rumo a Salvador e, durante a viagem, o comandante detetou falhas mecânicas, tendo solicitado uma inspeção técnica à aeronave. Algures durante esse processo, foi descoberta no seu interior — escondida na fuselagem da aeronave — meia tonelada de cocaína durante uma investigação das autoridades policiais brasileiras.

A bordo seguiam, como passageiros, os empresários João Loureiro e Mansur Herédia, de nacionalidade espanhola, que se encontra em paradeiro incerto.

Volvidos uns meses, em abril, as autoridades brasileiras descartaram qualquer ligação do português ao caso de tráfico de cocaína.

Hoje, 19 de abril de 2022, surgiram algumas novidades neste processo, a saber:

  • A Polícia Federal brasileira informou estar a realizar a Operação Descobrimento com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína;
  • Foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados brasileiros da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco;
  • A Polícia Judiciária (PJ) indica que em Portugal foram realizadas duas buscas, uma em residência e outra num escritório, com o objetivo de se proceder à apreensão de documentos, objetos e valores relacionados com os factos sob investigação;
  • Durante a operação da PJ foi também detida, num hotel de luxo da cidade de Lisboa, uma mulher estrangeira contra a qual pendia um mandado detenção com eficácia internacional emitido pelas competentes autoridades brasileiras;
  • Mais tarde, soube-se que a mulher em causa é Nelma Kodama, a primeira delatora da Lava Jato, que foi condenada a 18 anos de prisão em 2014 devido ao crime de lavagem de dinheiro. A sua pena de prisão terminou, contudo, em 2017, graças a um indulto decretado pelo então Presidente brasileiro, Michel Temer;
  • Fonte da Polícia Federal brasileira disse à Lusa que os “dois presos em Portugal são brasileiros”.

De recordar ainda que, a partir da apreensão de droga, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa que atuava nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar a carga), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

A Justiça brasileira decretou ainda medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e congelamento de valores em contas bancárias usadas pelos suspeitos.

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