Comida, medicamentos e outros bens essenciais estão a chegar lentamente às áreas mais atingidas pelo furacão e alguns grupos têm bloqueado estradas para intercetar os veículos que levam a ajuda, havendo mesmo registo de saques.
"É obviamente uma preocupação para a coordenação e entrega da ajuda", disse Mourad Wahba, o coordenado humanitário para o Haiti da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Mas a resposta deve focar-se em mais do que segurança", acrescentou, sublinhando que "as pessoas estão com fome" e é preciso desbloquear as estradas para as ajudar.
No sábado, um camião da ONU foi saqueado na entrada de uma base das Nações Unidas na cidade portuária Les Cayes, uma das mais afetadas pelo furação Matthew, a 04 de outubro passado.
Segundo Mourad Wahba, o camião foi assaltado pouco antes da chegada àquela base do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de helicóptero, e membros da segurança da organização usaram gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que respondeu atirando pedras.
"Qualquer ataque a um camião humanitário é um ataque aos que estão a sofrer, aos que mais precisam", disse Ban Ki-moon durante a sua passagem pelo Haiti.
"Quando camiões com medicamentos são atacados e saqueados, quando comida e água são saqueados, a única coisa que aumenta é a angústia e desencoraja a ajuda internacional", acrescentou.
A ONU estima que pelo menos 1,4 milhões de pessoas no Haiti (numa população de 10 milhões) precisam de ajuda urgente, depois da devastação causada pelo furacão Matthew.
Pelo menos 546 pessoas morreram e mais de 175 mil perderam as suas casas, segundo o último balanço.
As Nações Unidas lançaram um apelo para reunir 120 milhões de dólares de forma urgente para ajudar o Haiti, que em 2010 já tinha ficado devastado por causa de um sismo.
Até agora, a ONU só conseguiu reunir cerca de 13% daquele valor.
No sábado, Ban Ki-moon, ao chegar ao país, manifestou-se perturbado com a “absoluta devastação” causada pelo furacão Matthew no Haiti e disse estar desapontado com a reduzida ajuda internacional que está a chegar ao país.
Há seis anos, depois do sismo de 2010, a ajuda internacional que chegou ao Haiti foi mal coordenada e apenas uma fração chegou às vítimas da catástrofe.
“Sei que há alguma fatiga em relação a certos países, mas esta situação, o desastre que atingiu este país com o furacão Matthew, é indescritível”, afirmou o secretário-geral da ONU durante uma conferência de imprensa com o Presidente interino Jocelerme Privert.
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