A Comissão Europeia anunciou esta quinta-feira, no Fundão, um acordo com Portugal para os fundos da política de coesão e dos assuntos marítimos, pescas e aquicultura, de 23 mil milhões de euros, visando atrair investimento para o país.

Em declarações ao SAPO24, o presidente da Câmara do Fundão, anfitrião da cerimónia que contou com a presença da comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, com o primeiro-ministro António Costa, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva e a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, mostrou-se feliz pelo seu concelho ter sido escolhido para o anúncio. “É uma grande honra poder receber um momento tão importante para Portugal e julgo que nesta escolha há uma carga simbólica de homenagear o trabalho dos autarcas do interior”, considerou Paulo Fernandes.

Sobre as expectativas face ao novo quadro de apoio, o autarca mostrou-se otimista, nomeadamente no que respeita às aspirações do concelho. “A nossa visão está alinhada com as grandes questões do próximo quadro comunitário de apoio, nomeadamente com as temáticas que se destacam como o digital, a economia verde, as alterações climáticas, a conectividade, agrotech, gestão de água. As nossas ações estão muito encaixadas nestas linhas”, adiantou.

Mais de 1000 engenheiros escolheram o Fundão para viver. A receita para atrair os "novo-fundanenses" e ganhar lugar no mapa mundo da inovação

Há 8 anos, o Fundão iniciou uma estratégia de atração de pessoas para o concelho. Por causa da demografia, mas também com o objetivo de qualificar o concelho e o tornar um espaço disputado por empresas e profissionais. Depois de dois anos de pandemia, a estratégia evoluiu para se tornar ama assinatura: Fundão – Terra de Acolhimento. Num município com 27 mil habitantes, convivem atualmente 67 nacionalidades, onde se destacam britânicos, brasileiros e indianos.

“Qualquer pessoa, no dia em que nos escolhe para viver ou trabalhar, é um fundanense. Não é um estrangeiro que aqui vive, é um fundanense oriundo de qualquer país, qualquer continente. São os ‘novos fundanenses’, como lhes chamo”, afirma o presidente da câmara, Paulo Fernandes, nesta entrevista ao The Next Big Idea.

Nos últimos anos, ao Fundão chegaram 1400 pessoas oriundas de várias partes do globo, sendo que cerca de 1000 são engenheiros que trabalham nas áreas tecnológicas. “Passámos dos famosos três engenheiros de há oito anos para, hoje, mais de 900”, sublinha Paulo Fernandes.

A partir dos 6 anos, todas as crianças têm acesso a ensino bilingue, aprendem a fazer queijo e a programar. O ensino de uma segunda língua é usado como ferramenta de integração das várias comunidades, aprender a fazer queijo materializa a ligação à terra e ao mesmo tempo às ciências que ajudam a explicar a sua produção e a programação é encarada como a chave para que qualquer criança ou jovem possa trabalhar em qualquer lugar do mundo. “Vamos ver o que antecipar uma geração vai fazer a estas nossas crianças. Tenho para mim que vão, provavelmente, algumas delas, poder saber o que é trabalhar nos cinco continentes, a partir do Fundão”.

A aposta para 2022 é na criação do primeiro parque ibérico de agrotech em parceria com a região espanhola da Estremadura. Um projeto chumbado pelo PRR, mas que faz parte do posicionamento que o Fundão quer ter como um pólo da agricultura do futuro.

A entrevista completa com Paulo Fernandes pode ser lida aqui.

O anúncio do novo quadro para os fundos da política de coesão e dos assuntos marítimos, pescas e aquicultura é feito um ano depois de a versão final do Acordo de Parceria Portugal 2030 ter sido enviada pelo Governo à Comissão Europeia.

Em causa está o acesso por Portugal a 23 mil milhões do próximo quadro comunitário de apoio, que tem em conta verbas do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (11,5 mil milhões de euros), do Fundo Social Europeu (7,8 mil milhões de euros), do Fundo de Coesão (3,1 mil milhões de euros), do Fundo para uma Transição Justa (224 milhões de euros) e do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura (393 milhões de euros), de acordo com a nota do Governo.

O acordo, que foi aprovado em Conselho de Ministros em março passado após um período de consulta pública e depois submetido formalmente a Bruxelas, visa “impulsionar a transformação estrutural do país, uma transformação que se quer baseada na qualificação, na capacitação, na inovação e na transformação digital, na transição climática e na sustentabilidade, tendo presentes as dimensões de inclusão, igualdade e coesão territorial”, adiantou o executivo liderado por António Costa.

A ideia é que o dinheiro possa ser aplicado até 2029, somando-se aos 16.644 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência até 2026.

Para o Fundão são também boas notícias, nomeadamente no que respeita ao projeto do primeiro parque ibérico de agrotech em parceria com a região ibérica da Estremadura. O projeto não foi aprovado no âmbito do PRR, mas o novo quadro de fundos europeus abre novas possibilidades. “Há medidas de co-promoção e pode acontecer que avance por esta via”, referiu Paulo Fernandes.

“Há muitos anos que ouvimos dizer que vai ser a última oportunidade [de acesso a fundos comunitários]. De tanto ouvirmos dizer que vai ser a última oportunidade, fomos deixando de acreditar que a última oportunidade poderia ser mesmo a última oportunidade”, afirmou ontem, na cerimónia de anúncio, António Costa, aludindo à alteração de circunstâncias na União Europeia, em consequência direta do pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia e da pressão política e diplomática internacional exercida nesse sentido.

*Com Lusa

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