O projeto, apoiado pela incubadora A Ponte e a associação New Discoveries Portugal, foi criado por três amigos de Pedrógão Grande - Feliciano Roldão, Sofia Carmo e Bruno Fernandes - com o intuito de promover novas ideias de negócio na região do Pinhal Interior, afetada pelo grande incêndio de junho de 2017, que matou 66 pessoas.
Arrancaram logo com uma conferência em outubro daquele ano, desenvolveram depois um concurso de ideias de negócio, o evento "Re-Nascer Summit" e estavam a dar os primeiros passos numa pequena incubadora em Castanheira de Pera, mas o projeto vai encerrar, disse à agência Lusa Feliciano Roldão.
"Ao fim de dois anos, ajudámos nove ‘startups' a arrancar, que apoiámos de várias formas. Mas, ao fim deste tempo todo, depois de dois grandes eventos, de trazer investidores à região, de um grande concurso, lamentavelmente as instituições locais - câmaras e associações empresariais - não estão nem aí para este projeto", vinca.
Segundo Feliciano Roldão, era necessário "um projeto integrado, desenvolvido em conjunto com as autarquias e associações empresariais, com consequências e resultados práticos", mas a equipa sente que está "a remar sozinha".
"O foco das autarquias é outro. É aquilo a que chamamos a política de resultados imediatos e o apoio ao empreendedorismo demora", critica.
Em declarações à Lusa, o responsável considerou que a região "não foi capaz de renascer nem de pegar no projeto", sendo que a iniciativa, no seu geral, vai terminar.
Aquilo que irão continuar a fazer é apoiar as ‘startups' que participaram no concurso de ideias de negócios e ajudar alguma pessoa que procure o apoio da equipa para desenvolver alguma ideia de negócio.
"Isto foi um projeto criado para que houvesse um plano na região para trazer investimento e promover empreendedorismo sustentável, mas, neste momento, não faz muito sentido fazer o projeto nestes moldes", disse.
De acordo com Feliciano Roldão, o próprio processo de encontrar um espaço para a incubadora foi complicado e moroso, tendo acabado por ter um espaço cedido pela Câmara de Castanheira de Pera, mas onde tiveram que "tratar de tudo" - da internet ao mobiliário.
"No início do ano, propusemos que estivesse alguém a tempo inteiro [Feliciano Roldão trabalha em Lisboa], com a autarquia a comparticipar. Da Câmara Municipal, tivemos zero respostas", disse, referindo que o projeto deverá abandonar o espaço cedido entretanto.
Este ano, o grupo já não vai realizar nenhuma conferência como fez nos dois anos anteriores e "a perspetiva é fechar e trabalhar apenas cirurgicamente com empreendedores" que os procurem.
"O projeto ‘Re-Nascer', em si, para", acrescentou.
Hendrik von Niessen, da incubadora A Ponte, que apoiou o projeto, considera que "tudo é difícil quando a falta de visão não é ultrapassada", diagnosticando o mesmo problema referenciado por Feliciano Roldão: "Há uma grande preocupação com assuntos imediatos e falta alguma escala e um pensamento estratégico a longo prazo".
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