“Perpetuar o nome de Gisberta Salce Júnior na toponímia da cidade constitui um reconhecimento e uma forma de valorizar a luta em defesa dos direitos de todas as pessoas”, considerou.

Em 2006, um grupo de 13 adolescentes, entre os 12 e os 16 anos, espancaram ao longo de vários dias a transexual brasileira, sem abrigo e seropositiva, tendo finalmente atirado o seu corpo, ainda com vida, para um poço, num prédio abandonado no centro do Porto, onde Gisberta se refugiava.

Na proposta de recomendação, os vereadores socialistas recordaram que “há 15 anos, em 22 de fevereiro de 2006, a cidadã brasileira Gisberta Salce Júnior morreu, vítima de sucessivas agressões e crimes de ódio que, pela sua natureza reiterada e violenta, acabaram por lhe tirar a vida”.

“Gisberta Salce Júnior foi cobardemente assinada por querer viver livre e sem medo, por ser uma mulher transexual. Este horrendo ato é exemplo duro que nos recorda a violência, a discriminação e o preconceito que a comunidade transexual tem, ainda hoje, que vencer e superar”, acrescentaram.

O PS/Porto recordou que, no mesmo ano da morte de Gisberta, e como forma de “resistência e protesto”, o Porto via nascer a sua marcha LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo) e, desde então, Gisberta Salce Júnior é também assim recordada, “elevando-se a símbolo maior da luta pelos direitos humanos, pela dignidade, pela autodeterminação e pela igualdade”.

“A Câmara Municipal do Porto, cidade da Liberdade, não deve ficar indiferente a este crime e às suas motivações”, entenderam os vereadores.

Reiteradamente, cidadãos e movimentos cívicos da sociedade portuense dirigiram diversas petições aos órgãos municipais, tendo em vista o reconhecimento, na toponímia da cidade, do nome de Gisberta Salce Júnior.

É o caso de um abaixo-assinado que está em curso promovido pela atriz Sara Barros Leitão, com apoio da Comissão da Organização da Marcha do Orgulho LGBT no Porto e de outras organizações.