O pico da terceira vaga já passou, mas nem por isso Portugal aliviou as restrições — pelo menos para já. Sabe-se que António Costa planeia apresentar um plano faseado de desconfinamento a 11 de março, mas é quase certo que antes da Páscoa não se vejam — com exceção das escolas — mudanças de fundo na forma como vivemos, um ano depois de detetado o primeiro caso de covid-19 em Portugal.

Olhando para a Europa, só o Reino Unido mantém um nível de restrições tão apertado, sendo que já é conhecido o plano de desconfinamento de Boris Johnson: as aulas presenciais regressam de forma generalizada a 8 de março, data em que também vão passar a ser permitidos encontros sociais entre duas pessoas ao ar livre. A segunda etapa chega a 12 de abril, com a abertura de lojas, cabeleireiros, bibliotecas, ginásios, bares e restaurantes, que vão poder servir em esplanadas. A 17 de maio reabrem os cinemas, os teatros, salas de espetáculos e passam a ser permitidos eventos com até 30 pessoas. Na última etapa, prevista para 21 de junho, se tudo correr como previsto, deixará de haver restrições ao contacto social, as discotecas devem reabrir e regressam também os festivais e outros eventos de grandes dimensões.

Mas a covid-19 não dá garantias, e este plano só se vai manter se a campanha de vacinação continuar sem problemas, se se verificarem sinais de redução das hospitalizações, dos óbitos e do número de novos casos e caso não surja uma nova variante que seja resistente às vacinas que já estão a ser administradas.

A diferença entre Portugal e Reino Unido está (além da velocidade a que se está a vacinar a população, com o país de Sua Majestade a destacar-se em toda a Europa) nos estabelecimentos de ensino. Enquanto o país liderado por Boris Jonhson mantém, apesar de tudo, as escolas parcialmente abertas, Portugal fechou portas em todos os graus de ensino — política que está a ser seguida também pela Alemanha (com uma média de 7969 casos nos últimos sete dias) e Irlanda (com uma média de 648 novos casos nos últimos sete dias). Numa Europa em que a maior parte das escolas estão fechadas ou apenas parcialmente abertas, as exceções contam-se pelos dedos das mãos, destacando-se o caso de Espanha, França (apesar de ter uma média de 21541 novos casos por dia e 307 óbitos), Suíça, Áustria, Croácia, Roménia, Ucrânia e Bielorrúsia.

Aumentar a capacidade de testar e rastrear contactos é um dos principais desafios quando se pensa em como e quando desconfinar. Em Portugal, o governo assumiu que a estratégia de reabertura gradual passa também por uma testagem “massiva” e “maciça” — que, todavia, ainda está a ser limada. O primeiro passo foi alargar a norma de prescrição de testes a contactos de baixo risco e aguarda-se a retoma das campanhas de testes nas escolas, assim como as regras para as empresas.

A maior parte dos países europeus está a concentrar esforços em testar apenas pessoas sintomáticas. Portugal, a par de França, da Islândia ou Áustria, tem uma política mais abrangente, permitindo a qualquer pessoa, com sintomas ou não, ter acesso à testagem. Destaca-se nesta comparação a Alemanha, que mesmo entre sintomáticos só está a testar pessoas em grupos-chave.

Mais de 254 milhões de doses de vacinas já foram administradas, em 107 países do mundo. O ritmo de vacinação, todavia, varia consideravelmente de país para país. Na Europa destaca-se o Reino Unido, onde 30% da população já recebeu a primeira dose e 1,2% recebeu as duas doses — vale a pena recordar que para garantir o efeito as vacinas que estão já a ser administradas precisam de duas doses. A vacina unidose da Johnson & Johnson, que poderá acelerar a imunização da população, só deverá começar a ser distribuída na União Europeia em meados de abril. Em Portugal, por exemplo, está-se a vacinar a um ritmo de 8,5 doses por cada 100 habitantes, tendo 5,9% da população recebido pelo menos uma dose da vacina e 2,6% da população as duas doses. No total, segundo as contas do Governo, foram administradas até dia 28 de fevereiro 868.951 vacinas. Ontem, o Executivo tomou uma decisão de peso: alterar a norma para a vacina da Pfizer, passando a haver um intervalo de 28 dias entre a toma da primeira e da segunda dose, o que permitirá vacinar mais 100 mil pessoas até ao final de março.  Em Portugal — tal como em França, na Alemanha ou nos Países Baixos — estão a ser já vacinados três grupos-chave: profissionais que estão na linha da frente do combate à pandemia, idosos e pessoas com vulnerabilidades de saúde. Em Espanha, na Itália e na Irlanda o critério ainda não é tão alargado, estando estes países concentrados em vacinar, para já, dois destes grupos-chaves, como mostra o mapa. A contrastar está a Bulgária, que adotou uma política de vacinação universal. 

Se nos primeiros meses desta pandemia a ideia de utilizar máscara no espaço público causava estranheza — É prática comum na Ásia, mas na Europa não funciona assim —, hoje já poucos se imaginam sem ela na rua ou no supemercado. Tornou-se um objeto do dia-a-dia, tão comum como o telemóvel ou as chaves, sem os quais é impensável sair de casa.

Mais ou menos restritiva, o facto é que a política que utilização de máscaras se generalizou na Europa. Espanha, França, Itália são dos países com regras mais restritivas nesta matéria, enquanto Portugal acompanha com a Irlanda, a Bélgica, a Áustria ou a Suíça. A "destoar" neste mapa está apenas a Finlândia, onde a utilização de uma proteção facial para travar o vírus é uma recomendação e não uma imposição.

Se não for essencial sair, fique em casa. Quase nenhum país escapa à recomendação de dever de recolhimento — sendo que em boa parte este tem mesmo um cariz de obrigatoriedade, com exceção para deslocações essenciais, ir às compras ou fazer um passeio higiénico.  Em Portugal vive-se o 12.º estado de emergência, que se irá manter até 16 de março. Assim, continua a vigorar a obrigação de recolhimento domiciliário, as escolas mantém-se de portas fechadas (com as aulas a decorrer online), as viagens para o estrangeiro estão limitadas e há restrições ao funcionamento do comércio não-essencial e da restauração, assim como a proibição de circulação entre concelhos ao fim de semana. Os estabelecimentos comerciais que permanecem abertos, como supermercados e hipermercados, vão continuar a poder vender livros e materiais escolares.   

Nestes mapas figuram os dados disponíveis a 1/03/2021, pelo que se podem considerar quase como uma fotografia da Europa da pandemia no dia que é dominado por balanços do ano que passou e de olhares sobre o ano que temos pela frente. Afinal, o combate ao vírus ainda vai a meio.

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