“Faço um balanço muito positivo, a possibilidade que tenho de ouvir diretamente os militantes e que os militantes também têm de me ouvir diretamente é sempre muito positiva”, afirmou Rui Rio, à entrada para uma reunião à porta fechada com militantes de Lisboa, depois de já ter realizado cerca de uma dezena de encontros do género por todo o país.
Questionado se esperava encontrar na capital um ambiente mais hostil – por ter sido uma distrital que apoiou Santana Lopes na disputa da liderança do partido em janeiro -, Rio afirmou que não encontrou esse clima em nenhuma das reuniões que teve até agora.
“Ambiente hostil não encontrei em lado nenhum, nenhum, nenhum. Agora, quando eu peço para as pessoas fazerem as perguntas todas, é mesmo para me perguntarem as mais difíceis, não é para se inibirem. Façam as perguntas, se não, não venho aqui fazer nada”, desafiou.
Sobre se os casos internos do partido – como os das falsas presenças do secretário-geral, José Silvano, em plenários no parlamento – também têm feito parte das preocupações dos militantes, Rio assegurou que não são as da maioria.
“Se calhar quando se está em cima da linha, das notícias dos últimos dias, depois fica na espuma dos dias. As pessoas preocupam-se com o desemprego, a saúde, a economia, é isto que falam nas reuniões. Lá aparece uma ou outra de tática partidária, como se vamos ganhar as eleições”, afirmou, acrescentando que as assimetrias regionais e o problema da excessiva centralização do território têm sido a preocupação transversal nas reuniões fora de Lisboa.
Desafiado sobre a matéria que tem sido mais difícil de explicar aos militantes, Rui Rio elegeu a postura de “colocar sempre o interesse do país à frente dos interesses partidários”.
“Todos concordam na teoria, mas na prática cede-se sempre um bocadinho à tentação de colocar primeiro os interesses do partido”, afirmou.
Sobre Pedro Pinto, líder do PSD/Lisboa, Rui Rio fez questão de salientar que, apesar de não o ter apoiado, são amigos há muitos anos e tem sido “completamente leal”.
“Se nem me apoiou e agora colabora direitinho, só tenho a dizer bem”, afirmou.
Por seu lado, Pedro Pinto elogiou a iniciativa do líder de debater com os militantes, dizendo que, depois de puxar pela memória, não se recordar de tal ter acontecido nos últimos 30 anos, a não ser em efemérides, como o 25 de Abril ou o aniversário do PSD, em que apenas havia o discurso do presidente do partido.
“Esta é uma reunião em que os militantes vão poder participar, não deixa de ser uma inovação e algo que considero muito positivo da parte do líder do partido”, saudou.
Pedro Pinto sublinhou que “nunca houve hostilidade da parte da direção da distrital de Lisboa em relação a Rui Rio”, apesar de não o ter apoiado no Congresso, “algo de que se arrependeu por razões óbvias”, numa referência à saída de Pedro Santana Lopes do PSD para fundar um novo partido.
Mais recentemente, a distrital de Lisboa foi a única que não assinou um documento promovido pela direção do PSD de apoio ao líder, facto que Pedro Pinto desvaloriza.
“A distrital de Lisboa não precisa de assinar documentos para manifestar apoio ao líder (…). Achei esse documento algo que nem sequer vinha a favor de um apoio verdadeiro ao líder, hoje voltaria a não assinar”, garantiu, apesar de se dizer “cada vez mais confiante” em relação aos atos eleitorais do próximo ano.
Na reunião, marcaram presença dirigentes do PSD, incluindo os ‘vices’ David Justino e Isabel Meirelles, o secretário-geral, José Silvano, deputados como Miguel Morgado, Joana Barata Lopes e Sandra Pereira, o líder da concelhia Paulo Ribeiro e o ex-líder da JSD Pedro Rodrigues, entre outros.
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