“As ameaças à segurança da Eurásia vêm de diferentes direções, mas na esmagadora maioria dos casos a fonte destas ameaças é a política agressiva da NATO”, disse Lavrov numa conferência de imprensa após uma reunião com homólogos da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO) em Almaty, no Cazaquistão.
O chefe da diplomacia russa acrescentou que verifica uma tentativa da NATO para ”assumir o controlo e de privatizar” todas as questões que, de uma forma ou de outra, estão ligadas à preservação da estabilidade do espaço euro-asiático.
Para o efeito, sublinhou, a Aliança Atlântica cria “quartetos”, “troikas” e outras pequenas estruturas, que “são os embriões de blocos militares”.
“Estes blocos militares fechados visam o confronto com aqueles que a NATO considera adversários ou mesmo simples concorrentes, incluindo, naturalmente, a República Popular da China e a República Popular Democrática da Coreia [designação oficial da Coreia do Norte] e a Rússia”, disse Lavrov.
Na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da CSTO verificou-se consenso sobre “a necessidade de se iniciar um debate sobre a forma de garantir a segurança de todos os Estados do continente euro-asiático da forma mais eficaz, equitativa e justa”.
Um dos principais ausentes da reunião de Almaty foi a Arménia, que anunciou intenção de abandonar a aliança, liderada pela Rússia, que inclui também quatro outras antigas repúblicas soviéticas: Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguizistão e Tajiquistão.
“O procedimento de saída da Arménia [da CSTO] não foi discutido, porque o pedido correspondente não foi recebido”, disse Lavrov em resposta a uma pergunta dos jornalistas.
A Rússia disse esperar que o governo arménio, que congelou a participação na aliança militar pós-soviética, reconsidere a intenção.
“O próximo passo lógico é abandonar a organização”, disse o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, na semana passada, num discurso perante o Parlamento de Erevan.
Pashinyan, que acusa a CSTO de inação face à agressão do Azerbaijão na região do Nagorno-Karabakh, admitiu que o processo poderia ser efetivado dentro de um mês ou “dentro de um a três anos”.
Por outro lado, Lavrov congratulou-se com o facto de a “maioria” dos países presentes na conferência de paz para a Ucrânia, realizada na semana passada na Suíça, ter recusado ratificar as exigências que considerou “esquizofrénicas” do Presidente ucraniano, Volodymir Zelenski.
“Os países compreenderam que a maioria do mundo não queria aderir aos ultimatos feitos à Rússia, como a desistência da Crimeia e do Donbass [sul e leste da Ucrânia] ou a aceitação de um tribunal para julgar a Rússia”, disse Lavrov na reunião de Almaty.
Lavrov salientou que “o facto” de alguns dos países presentes se terem recusado a ratificar o plano de paz ucraniano mostra como as exigências são “absolutamente irrealistas” e “até esquizofrénicas”.
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