"Já foi chamada uma equipa de mergulhadores que vai iniciar a averiguação" quanto à quantidade de combustível derramado, disse hoje, em conferência de imprensa, o presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), João Franco.
Segundo explicou o responsável, embora a base do cais do terminal de contentores do porto de Sines, no distrito de Setúbal, seja "maciça" numa área, de "acesso impossível ao produto", noutra zona "é construída sobre estacas colocadas na vertical no fundo [do mar]" e é aí que há "material".
"Não sabemos é se é pouco, se é muito", acrescentou.
Embora ainda sem dados concretos, a estimativa do capitão do porto de Sines, José Velho Gouveia, também presente no encontro com os jornalistas convocado pela APS, aponta para "algumas toneladas" de 'fuel oil', combustível usado geralmente pelos navios para "navegar em alto mar", prevendo "uma tarefa" de "dias" para a recolha do produto.
A mancha de hidrocarbonetos, detetada na noite de domingo, tem estado "confinada" no terminal de contentores, estando desde então a decorrer os trabalhos de contenção e de remoção, a cargo da APS, com o apoio da Autoridade Marítima.
No local foram colocados três quilómetros de barreiras de contenção, 1,5 quilómetros de barreiras de absorção, 40 rolos de mantas de absorção, seis lanchas, dois "skimmers" (bombas de aspiração) e também depósitos para recolha do produto, meios da APS, entretanto, reforçados desde segunda-feira com mais dois ´skimmers` e depósitos de recolha da Autoridade Marítima.
O acesso ao local está vedado por ser considerada "uma zona que pode ser geradora de gases", havendo, segundo o presidente da APS, "riscos associados".
"Não há possibilidade nenhuma de se permitir o acesso a terceiros", disse João Franco aos jornalistas.
A movimentação de navios continua parada, estando "cinco porta-contentores" a aguardar a entrada no terminal.
"Evidentemente que um navio destes paralisado por força deste incidente constitui um prejuízo para o armador e para o operador do terminal", reconheceu o presidente da APS, indicando que a principal preocupação nesta fase é "o aspeto ambiental, contenção da mancha e preservação das praias".
"O segundo aspeto é repor o terminal em operação o mais depressa possível e é para isso que vão ainda hoje os mergulhadores recolher informações", acrescentou o mesmo responsável.
Na área marítima do terminal de contentores existem também produções de aquacultura, que, assegurou o capitão do porto de Sines, "foram protegidas", não havendo, no entanto, garantia de que "não tenham sido de alguma forma afetadas".
Da parte da Polícia Marítima, os inquéritos aos comandantes de dois navios, um da MSC e outro reabastecedor de combustível, para averiguar as causas da ocorrência avançaram hoje, adiantou o comandante José Velho Gouveia, revelando que as coimas às empresas, neste tipo de situações, podem variar entre "cerca de 49,9 mil euros" e "2,5 milhões de euros".
"Está aberto o inquérito para tentar saber quem é o culpado. O nosso código penal também já tem tipificado o crime ambiental, isto, eventualmente, vindo a perceber-se que há aqui outro tipo de contornos que pode mesmo configurar crime", disse.
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