As agências de viagem que trabalham com grupos pequenos estão a acompanhar de perto as orientações do governo britânico que, até agora, manteve Portugal como um destino de risco, ao qual desaconselha viagens não essenciais, mas o setor tem esperança que Portugal acabe por ser incluído na lista dos países isentos de quarentena na chegada ao Reino Unido, o que viabilizaria os seguros de viagem essenciais à sua atividade.

John Dixon, diretor da Prestige Holidays, disse à agência Lusa que a clientela, sobretudo idosa, aprecia sobretudo destinos tranquilos como a ilha da Madeira e tem flexibilidade, por isso pode cancelar mais perto da data da viagem.

“Se não puderem ir este ano, podem ir no próximo”, acredita.

Também Karl Watson, da Inntravel, uma agência que oferece pacotes com atividades como caminhadas ou passeios de bicicleta em várias partes do país, adiantou que mantém reservas em viagens previstas para setembro e outubro, mas não está a aceitar novas marcações.

“Por enquanto temos esperança que as restrições sejam levantadas mais tarde. Senão, serão oferecidos reembolsos ou as pessoas podem marcar para 2021″, garantiu.

Para Noel Josephides, diretor da Sunvil Holidays, os turistas mais idosos vão evitar viajar se existirem riscos de saúde, e admite que alguns decidam simplesmente cancelar ou procurar outros destinos considerados mais seguros, como a Grécia.

A exclusão súbita de Espanha da lista de países isentos de cumprir quarentena na chegada ao Reino Unido lançou mais incerteza no setor, que critica o processo de decisão do governo de Boris Johnson.

“Por que raio Portugal não está na lista de corredores sem quarentena? O governo [português] produziu um documento convincente e elaborado cuidadosamente, que descreve os muitos passos que tomaram para salvaguardar o povo português e os visitantes de Portugal”, criticou o presidente da associação de operadores especialistas AITO, Chris Rowles.

Apontando para as estatísticas de mortalidade em países como o Reino Unido, Espanha ou Portugal, Rowles lamenta a falta de diálogo com as autoridades e põe em causa os critérios para limitar as viagens ao estrangeiro, que estão a afetar economicamente o setor.

“O setor do turismo não deseja colocar em risco os nossos clientes ou qualquer outra pessoa, incluindo os destinos, muito pelo contrário. Mas, olhando para os números, ficamos a pensar que seria certamente mais perigoso permanecer no Reino Unido do que viajar para países como Portugal e Grécia, com os seus números muito baixos de covid-19 e de mortes”, acrescentou.