O aviso foi feito por Jerónimo de Sousa numa sessão pública, em Lisboa, sobre política fiscal e em que fez a denuncia de o executivo socialista não estar a romper “com um conjunto de constrangimentos”, nem a questionar os “privilégios dos grupos económicos” para permitir “um novo rumo” para Portugal.
“Será cada vez mais difícil construir um quadro político e financeiro que permita o cumprimento de metas orçamentais, a redução de impostos sobre os rendimentos e o consumo dos trabalhadores e da população que se impõe”, disse Jerónimo, que foi dando mais exemplos.
Para o líder comunista, “será muito difícil corrigir o brutal aumento de impostos” do Governo anterior, do PSD/CDS, como “será muito difícil” ter “recursos públicos que invertam de forma sustentada o declínio e a degradação dos serviços públicos” ou ainda “dinamizar o investimento público” para potenciar o crescimento do país.
Segundo Jerónimo, “não é possível continuar um discurso que promete o corte de impostos sobre rendimentos dos trabalhadores e sobre micro, pequenos e médios empresários”, lançando sobre eles impostos sobre o consumo, para “compensar a perda de receita”.
Na sua intervenção, o secretário-geral comunista apresentou algumas propostas que vai defender para o próximo Orçamento do Estado, a começar pelo aumento do número de escalões do IRS, reduzir a tributação de rendimentos mais baixos e agravando os rendimentos mais elevados.
O PCP vai ainda sugerir “a possibilidade de redução dos impostos sobre o trabalho”, propondo ainda um "aumento em dois pontos percentuais da derrama estadual para as empresas com lucros tributáveis superiores a 35 milhões de euros, passando-a para 9%”.
Além do mais, a proposta dos comunistas passa também pela criação de um imposto sobre o património mobiliário e “alargar a tributação dos grandes patrimónios às ações, obrigações e outros títulos financeiros associados à acumulação de riqueza”.
Estas são propostas que, segundo Jerónimo de Sousa, devem dar seguimento ao que já foi conseguido de “reposição de direitos e rendimentos” desde 2015, quando o PS formou Governo com o apoio parlamentar do PCP, BE e PEV.
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