Chamem-lhe o que quiserem, andamos a fazê-lo pouco. E é a única explicação plausível que encontro — após um longo e intensíssimo estudo de dois minutos que levei a cabo em conjunto com uma enorme equipa composta por mim — para haver tanta gente constantemente irritada e frustrada com tudo e todos.

Facilmente percebemos que é humanamente impossível cuspir tanto ódio nas redes sociais se sentirmos regularmente aquele descanso de alma que é o pós-sexo. Não é possível ter acabado de se vir e ir para o Facebook gritar que o "marxismo cultural" está a destruir o mundo, apesar de nem sequer saber o que está a dizer.

Não é possível estarmos carregadinhos de oxitocina e dopamina a circular pelo corpo e querer ir para o Twitter arranjar frívolas e violentas discussões, e escrever em CAPS que TODOS OS MUÇULMANOS SÃO TERRORISTAS VOLTEM PARA A TERRA DELES CRL. Assim mesmo, sem vírgulas nem nada.

Acho genuinamente impossível que se seja capaz de estar com os músculos descontraídos e um sorriso na cara — aquele sorriso que temos sem sequer darmos conta — porque nos viemos ao mesmo tempo, suados, felizes e confortavelmente exauridos, e ir para o Instagram insultar gratuitamente "estas influencers que são todas umas porcas". Não dá, não é possível, nunca.

E, atenção, claro que nem tudo na vida é sexo, nem todas as formas de relaxar, andar mais descontraído ou não se levar tão a sério (e às suas opiniões) são sexuais. Podem ler um livro, passear, ir a um concerto, beber copos com os amigos, abraçar o vosso cão ou gato ou ver vídeos no YouTube de pessoas a irem contra aquelas portas transparentes de centros comerciais que não abriram quando era suposto.

Mas claro, o melhor e mais eficaz, comam-se. Beijem. Ponham cuspo nisso. Lambam. Chupem. Acariciem. Mordam. Lambusem-se todos. Agarrem. Entrem. Saiam. Façam o pino. Sentem-se na cara. Virem ao contrário. De lado. De costas. De quatro. Venham-se e depois deixem-se estar. Relaxados, felizes e longe das redes sociais. Comam-se mais e irritem-se menos.