Ainda não sabe o que é um cateterismo? Talvez isso seja também uma espécie de evasão

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Amanhã é dia das bruxas. Começamos a cair em vertigem na agenda dos próximos tempos, mascaramo-nos para a noite de quinta para sexta-feira, engolidos pela boa cultura americana, no dia 1 de novembro agarramos as sacas para ir pedir o Pão por Deus, e uns pares de dia depois, em Lisboa, largam-se as sacas e prepara-se o Parque das Nações para a Web Summit. E, depois de tantas idas ao armário, larga-se o smartphone, as máscaras e as saquetas, pormos o barrete vermelho, as cidades vestem-se de luz e aí vamos nós até ao fim das festas.

O Natal começa cada vez mais cedo, há um par de semanas que os anúncios vão surgindo na televisão e já não se estranha ouvir nas lojas a música natalícia de Mariah Carey, a oficialização, portanto.

No meio disto tudo, entramos num dos períodos mais excitantes da época futebolística. E sendo um fã confesso de futebol, sem idade para pedir o bolinho e com pouco entusiasmo para o dia das bruxas, do armário só tenho vontade de tirar uma camisola de emblema ao peito.

Hoje joga-se, em Portugal, o campeonato a meio da semana, numa jornada que terá continuidade amanhã e que fica próxima da que se seguirá em catadupa no fim de semana, à boa maneira inglesa. É por esta altura que os jogos se somam, os exageros de leituras das primeiras jornadas das ligas e das jornadas europeias começam a tornar-se num fio condutor do que será a restante temporada.

Resta saber que camisola vestir e eu proponho uma, azul celeste, a do Nápoles de 86/87, ano em que a equipa italiana sob o génio de Diego Armando Maradona, que hoje completa 59 anos, vence o campeonato italiano, o primeiro na sua história, e a Taça de Itália.

É a renúncia às fantasias e às tecnologias, e a devoção ao mundano tão perto da data em que João Paulo II, há (apenas) 27 anos, admitiu os erros do tribunal eclesiástico e reconheceu que Galileu estava certo quando afirmou que a terra gira em torno do sol e não o contrário.

É o chão sob o céu, digo eu. Percorremos a cronologia do resumo do dia e vemos a intervenção de André Ventura no parlamento, mais dois minutos de Sócrates a entrar na Judiciária de manhã e dos outros dois minutos do antigo primeiro-ministro a sair da Judiciária à tarde e dos exageros mediáticos sobre o cateterismo do Presidente da República. Sim, o cateterismo, uma palavra que nos últimos dias está aí por todo o lado. E depois percebo que vestimos as camisolas, os disfarces e os barretes para ficar tirar uns tempos de descanso no céu, seja ele relvado, um túnel dos horrores ou um mercado natalício.

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