Mas o quê? Coisas simples que podemos fazer para entender a revolução digital

Margarida Alpuim
Margarida Alpuim

Há uns tempos diziam-me que devíamos repensar o número de vezes que usamos o “mas”. Será que em muitos desses casos estamos mesmo a querer opor uma coisa a outra? A questão deixou-me a pensar. E a verdade é que tenho trocado o “mas” pelo “e” mais vezes do que imaginaria.

No fundo, acaba por ser um processo de ampliação e aceitação - de perspetivas, de realidades, de pessoas, de ideias.

Esta visão acompanhou-me também durante os dois dias que estive na Web Summit e acabou por me levar a conversas inesperadas.

A minha missão era andar atrás da Inteligência Artificial (IA). E lá fui eu. No primeiro dia, não deu para fugir aos habituais grandes - temas, pessoas e empresas. O presidente da Microsoft foi falar da montanha-russa que é a IA, e cientista da Google responsável pela Inteligência de Decisões defender que por detrás de uma máquina há sempre um humano.

Ok, isto é importante. Mas eu queria mais. Queria aquilo de que se fala menos. Queria os “e para além disso?”.

Foi então que me cruzei com uma conferência que nos punha a olhar para a geopolítica da coisa - e o título da palestra abria logo o apetite, “À beira da catástrofe: um século XXI digital sem a Europa”. Problema: depois da sessão, a que assisti em pé atrás de centenas de pessoas, estava com uma série de questões a borbulhar e não tinha tido resposta a um pedido de entrevista ao orador.

Surpresa das surpresas, no dia seguinte, o senhor - François Candelon, diretor-geral da Boston Consulting Group (uma das maiores consultoras do mundo) - sentou-se atrás de mim numa outra conferência. Já não o deixei escapar. Numa conversa que demorou mais 35 segundos do que o tempo que o especialista nos tinha dado (dez minutos), tirei muitas das minhas dúvidas.

O resultado da conversa está aqui: Revolução digital: “Os países europeus estão a tornar-se subdesenvolvidos”.

Porque é que esta história reforça a minha busca pelos “e”? Porque contar o que é a Inteligência Artificial é aceitar que esta tecnologia é promessa e é desafio, é fascínio e risco de catástrofe, é ética e geopolítica. É isto e muito mais. Vou ficar atenta.

A Web Summit 2019 acabou hoje e nós, no SAPO24, estivemos lá a acompanhar a privacidade e o negócio de milhões do Baby Shark, a tecnologia a apoiar os refugiados e o risco de ficarmos no passado no 5G, o sexo com robôs e muito mais.

Porque a vida é Web Summit e tudo o resto que queiramos trazer para dentro dela, antes de me ir embora, deixo duas sugestões musicais para amanhã:

O segundo dia de Pedro Abrunhosa no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, às 21h30; e o concerto the Sam The Kid, com uma orquestra de 24 elementos, no Coliseu do Porto, às 21h (Sam The Kid já passou por Lisboa e não foi só fachada).

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