Se o nosso amor é um combate, então que ganhe a melhor parte

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Escreveu Luís de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver”. Acrescente-se ”mas para o ser, não deve doer”.

Refira-se ainda que o título desta peça é o nome de uma canção dos Linda Martini, uma das grandes bandas modernas de rock nacionais, e que a sua temática prende-se com a vertente mais doentia do amor, quando este se deixa morrer e é substituído pelo rancor. Canta assim o refrão:

“Se o nosso amor é um combate,
Então que ganhe a melhor parte.”

A letra é triste e é certamente identificável para muita gente. Mas este “combate” não é literal nem físico, é apenas o que acontece quando duas pessoas se afastam progressivamente e a dor toma lugar. O problema é quando passa a sê-lo.

Estamos em vésperas daquele que é convencionado como um dos dias mais românticos do ano, e, no entanto, uma das notícias que marca a atualidade é a revelação que a Polícia de Segurança Pública recebeu 900 denúncias de violência entre namorados em 2019.

Fazendo as contas, isto significa que a polícia recebeu perto de duas queixas por dia. Mas para agravar este cenário, houve ainda mais de 1200 denúncias de violência entre ex-namorados.

Sem grandes surpresas, a grande maioria das vítimas é do sexo feminino, mas as idades mais afetadas são entre os 18 e os 24 anos. Junte-se a isto o facto muitos mais casos possivelmente não serem denunciados (também de homens que tenham vergonha de vir a público, diga-se), mais o número horripilante de mortes em contexto de violência doméstica, e o resultado final é um quadro potencialmente desastroso do cenário relacional em Portugal.

Amanhã teremos acesso a novos dados, que vão ser apresentados pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta quanto aos resultados do estudo nacional sobre violência no namoro, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Falamos aqui do cariz combativo do amor na sua pior vertente, mas a luta pode ser usada noutros contextos, como pelo direito de preservar um sonho.

O caso tornou-se conhecido do público nas últimas semanas — Ângela Ferreira, de 32 anos, a residir no Porto quer preservar o sémen do marido, de 29 anos, que morreu vítima de cancro a 25 de março de 2019, para fazer inseminação pós-morte — mas hoje trouxe novidades.

O Hospital de São João, que armazena o esperma criopreservado, anunciou que não vai destruí-lo, isto apesar de não ser legal em Portugal proceder à procriação medicamente assistida após a morte do cônjuge. O hospital está agora a aguardar a pronúncia das entidades públicas detentoras de poder administrativo e político sobre a questão e Ângela Ferreira não escondeu estar “imensamente feliz e aliviada” com esta decisão.

Não é objetivo deste texto fazer um posicionamento quanto a um tema tão controverso, mas é seguro afirmar que o que motiva Ângela Ferreira é amor.

Esse é também o mote que teremos amanhã, quando revelarmos os textos dos participantes na oficina literária “O Primeiro Capítulo”. Aos entusiastas da escrita foi proposto que escrevessem sobre o amor e o que escreveram mostra-nos o amor nas suas tão diferentes faces, idades, momentos e é uma seleção de um conjunto de participações que amanhã poderão ler no SAPO24.

Prazer. O amor também é prazer. Muitos fazem do Dia dos Namorados uma oportunidade para um plano a dois, seja num restaurante à luz das velas ou esparramados no sofá a ver séries. Qualquer uma das opções é válida, mas há outras também.

Já na sua sexta edição, o Festival Montepio Às Vezes o Amor volta a ocupar várias cidades do país para vários concertos ao longo de dois dias. Amanhã, Braga recebe os Amor Electro, Lisboa despede-se dos Dead Combo, o Porto acolhe “os seus” GNR, Santarém é brindada por Tiago Bettencourt e Leiria terá concerto pela Banda do Filme “Variações”. O programa completo pode ser consultado aqui.

Se não é música o que quer partilhar, saiba que tem outras alternativas:

  • Em Lisboa tem lugar a apresentação de talvez a mais icónica das peça em que o amor “dá para o torto”. O Teatro Nacional D. Maria II estreia "Romeu e Julieta", um clássico de William Shakespeare, aqui encenado por John Romão, com Mariana Monteiro no papel de Julieta e João Cachola como Romeu.
  • Também no panorama teatral, o Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, leva a cena a peça “O Relatório da Coisa”, espetáculo criado a partir do conto homónimo de Clarice Lispector pela atriz e encenadora Carolina Santos, fundadora do projeto Makina de Cena, sediado em Loulé.
  • Misturando música e apresentação cénica, o Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, terá o bailado "O Primo Basílio", composto por II atos e baseado na obra homónima de Eça de Queiros, com coreografia de Fernando Duarte e da bailarina e docente Solange Melo.

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