Contem-se as armas, a próxima batalha da opinião pública está aí à porta

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

“Eutanásia”. A mera menção da palavra provoca reações muito díspares, tal é a sua natureza fraturante. Uma “hipótese de fuga”, uma “demissão do Estado”, a obtenção de um “fim digno” ou o reflexo de uma “sociedade suicidária”.

As opiniões diferem muito e é possível que a cada vez mais polarizada sociedade portuguesa leve os seus intervenientes a extremar posições a partir de dia 20, data em que seguem para debate na Assembleia da República os projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da morte medicamente assistida, vulgo, a Eutanásia.

O tema, já se sabe, não é novo, mas as circunstâncias são. Se há dois anos os projetos de despenalização da morte medicamente assistida foram chumbados nessa mesma casa (um deles por uma ínfima diferença de cinco votos), hoje a geografia do hemiciclo é outra.

Também por isso, a reação de quem se opõe a estes projetos se mostrou acirrada, com acusações do Estado de se coibir de prestar bons cuidados paliativos a partir tanto do CDS-PP como do PCP e pedidos para que o tema seja referendado pela população.

Os pedidos de um referendo vêm de vários setores, desde os representantes confissões religiosas até alguns partidos políticos e a figuras de importância na sociedade portuguesa. A sugestão, sabe-se, vem abrir feridas antigas quanto à noção de se referendarem direitos fundamentais, assim como a legitimidade da Assembleia da República de legislar temas como este. É o que alega, por exemplo, o PS.

Do PSD veio a sugestão de haver uma “reabertura do debate” pela “sociedade civil” e foi exactamente isso o que começou acontecer, havendo já várias petições em curso. Uma é contra e defende que o tema deve ir a referendo porque a decisão "não deve ser tomada no interior dos partidos e nos corredores de São Bento". Já outra, outra, a favor e de iniciativa dos profissionais de saúde, contrapõe que “não se referendam direitos fundamentais" e que a AR "é o lugar para se discutir e legislar sobre o fim de vida”.

Esperam-se tempos animados e, se os últimos meses serviram de aperitivo, de uma pouco recomendável violência no discurso, à esquerda e à direita. Daí contarem-se as armas, de um lado e outro, para uma batalha de argumentos que está a chegar.

Para além de animados, os próximos tempos são também de precaução. Apesar do número de vítimas do COVID-19 ter estabilizado, a OMS, ao fim de dois dias de reunião com mais de 300 profissionais e especialistas de saúde, pede para que não se baixem os níveis de alerta.

“Esta epidemia pode ir em qualquer direção”, disse o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apesar do número de mortos nas últimas 24 horas ter baixado para 97, somando-se num total de 1.115 casos mortais. 

O que é certo é que a epidemia continua a fazer vítimas, e não apenas pessoas. Hoje foi anunciado o cancelamento do Mobile World Congress (MWC), salão mundial das comunicações móveis de Barcelona, e o adiamento do Grande Prémio da China de Fórmula 1, ambas as decisões tomadas tendo em conta o potencial de contágio que estes grandes ajuntamentos teriam.

Projetando o dia de amanhã, decorre o início da visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à Índia. Marcelo vai acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, pelos secretários de Estado da Internacionalização e da Defesa Nacional e por deputados à Assembleia da República e chega a Nova Deli às 19:55, horas locais.

Segundo a nota divulgada no website da Presidência da República, em Nova Deli o chefe de Estado "testemunhará, juntamente com o seu homólogo, a troca de instrumentos bilaterais que permitirão reforçar o relacionamento entre os dois países". Os esforços diplomáticos não são um tema menor, mas seria interessante saber o que Marcelo pensa das acusações feitas a Narendra Modi de tornar a Índia num estado nacionalista hindi.

Também amanhã se dão duas importantes apresentações para quem é fã das artes.

Em Lisboa, vai-se saber qual a programação do Monstra 2020 - Festival de Animação de Lisboa, que este ano celebra a 19.ª edição e que decorre entre 18 e 29 de março.

Já no Porto, decorre a apresentação do projeto e identidade do Museu da Cidade, a cargo do presidente da Câmara, Rui Moreira, ladeado pelo diretor artístico do projeto, Nuno Faria, e do coletivo de designers Lizá Ramalho e Artur Rebelo - R2.

No que toca às sugestões para amanhã, sendo quinta-feira, já sabe que é dia de estreias na sala de cinema. Dentro da oferta disponível tem “O Farol”, inquietante thriller a preto e branco com Robert Pattinson e William Defoe, “A Ilha da Fantasia”, exercício de terror paradisíaco e “A Vida Invisível”, multipremiado drama brasileiro passado no Rio de Janeiro dos anos 50.

Pode optar ainda por “Sonic - O Filme”, as aventuras do imortal personagem do videojogo, "Para Além da Memória", drama realizado por Miguel Babo, que evoca as presenças e ausências de uma doente de Alzheimer, ou “Mon Inconnue”, comédia romântica francesa lançada a tempo do Dia dos Namorados.

Jornais do dia

  • Correio da Manhã

    Correio da Manhã

    12 Fevereiro 2020
  • A Bola

    A Bola

    12 Fevereiro 2020
  • Público

    Público

    12 Fevereiro 2020
  • Diário de Notícias

    Diário de Notícias

    12 Fevereiro 2020
  • Jornal i

    Jornal i

    12 Fevereiro 2020
  • Caras

    Caras

    12 Fevereiro 2020
mookie1 gd1.mookie1