Os nomes mudam, mas os problemas mantêm-se

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Ficou conhecido genericamente por “Coronavírus”, mas o causador da epidemia viral que apanhou o mundo de sobressalto foi finalmente batizado enquanto “Covid-19”.

O nome nasce do acrónimo em inglês da expressão “doença por corona vírus” (‘corona virus disease’), tendo a decisão partido do fórum de especialistas a ocorrer neste momento em Genebra, na Suíça, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O nome foi assim escolhido, defende a OMS, de forma a que seja pronunciável e que não remeta para uma localização geográfica específica, um animal ou grupo de pessoas, para evitar estigmatizações. É uma atitude nobre, e necessária em termos processuais, para passar a haver uma nomenclatura para este vírus.

No entanto, convenhamos, não é em designações que as pessoas estão a pensar neste momento, mas sim numa forma de conter uma epidemia que tomou a vida de 1.016 pessoas na China, que causou 43 mil infetados — segundo o mais recente balanço — e que tem obrigado a um redobrar dos esforços das autoridades de saúde de todo o mundo.

Essa solução, contudo, não virá tão cedo quanto isso. O conjunto de mais de 300 cientistas, investigadores e peritos de saúde pública a debater formas de controlar e lidar com o surto concedeu que a vacina contra o novo coronavírus deve demorar 18 meses, ou seja, ano e meio, a ser desenvolvida.

Enquanto tal vacina não chega, o que é preciso é tentar conter o avanço da epidemia, e hoje Portugal acordou refeito de mais dois sustos, tendo outros dois casos suspeitos sido dados como negativos após análises do Instituto Nacional Ricardo Jorge. A Direção-Geral de Saúde pede serenidade, recordando que o país tem "um nível de preparação elevado" para o surto e que, mesmo que eventualmente algum caso positivo surja, tem mecanismos para lidar com essa nova situação.

Foram, portanto, sustos que não passaram disso mesmo, que é o que se espera que tenha acontecido também a Alexandre Botelho. Uma das notícias do dia foi a queda do surfista durante a prova do Circuito Mundial de Ondas Grandes, na Nazaré, que o deixou inconsciente em pleno mar revolto na Praia do Norte. Ao que tudo indica, o atleta, que foi salvo o mais cedo possível, já estará a recuperar sem mazelas de maior.

Falando de mazelas (e de problemas que tendem a perpetuar-se ad infinitum), hoje a sinuosa história do Sporting Clube de Portugal conheceu uma nova contracurva, tendo o presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) do clube, Rogério Alves, anunciado que o órgão por si liderado não vai convocar uma assembleia geral de destituição da atual direção do clube, liderada por Frederico Varandas.

As razões prendem-se com “irregularidades formais”, mas tal justificação não acalmará certamente os ânimos dos contestatários de Varandas, em especial o Movimento “Dar Futuro ao Sporting”, que requereu a dita assembleia. Ontem, o presidente leonino voltou a dar uma entrevista, dizendo que não vai “abandonar o Sporting a esta gente", referindo-se às claques e aos adeptos que alegadamente agrediram membros da direção do clube e seus familiares no passado sábado.

Instabilidade, violência, agressividade. Todas estas palavras são sinónimos do futebol em Portugal, e os seus intervenientes pouco ou nada parecem querer fazer para mudá-lo. Os clubes trocam galhardetes entre si e o típico adepto desabafa: “outra vez arroz…” 

Noutras ocasiões, a mudança é anunciada, mas não chega a acontecer. Foi o caso da polémica diretiva sobre poderes hierárquicos que a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, anunciou na semana passada. O possível reforço dos poderes da hierarquia sobre a autonomia dos procuradores mereceu repúdio de várias figuras da justiça e dos partidos políticos, sendo a reação tão forte que o documento foi agora suspenso.

Pense-se então no dia de manhã como uma oportunidade de mudança edificante. É o que estará nas cabeças dos participantes em Valongo, a primeira de cinco cidades a receber o Smart Cities Tour 2020. Esta é uma iniciativa nacional, composta por workshops temáticos realizados em cinco cidades portuguesas, que tem como objetivo promover a partilha de boas práticas entre os diferentes concelhos, a apresentação de soluções inovadoras no plano das cidades inteligentes, dando ainda a conhecer vários projetos concretos que estão a ser desenvolvidos por todo o país.

Projetando as próximas 24 horas, destaque para a apresentação da edição 2020 do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto. Realizado entre 25 de fevereiro e 8 de março, este ano o festival faz 40 anos e a conferência de imprensa, com a presença dos fundadores do festival Beatriz Pacheco Pereira e Mário Dorminsky, deverá levantar o véu quanto a mais novidades da programação.

Quanto a planos que pode pôr já em prática no imediato:

  • Amanhã, em Lisboa, haverá concerto de Maria Reis, sendo que a cantora apresenta o seu álbum de estreia "Chove na Sala, Água nos Olhos" no Grande Auditório da Culturgest.
  • Na mesma cidade, dá-se a estreia da peça "Curtas de Papel, Osso e Fel". Uma criação de Tarumba - Teatro de Marionetas, este é um espetáculo que se inspira no universo de Edward Gorey, Mário-Henrique Leiria ou Max Aub, mas também em Nick Cave, Elvis Presley ou Johnny Cash.
  • Hoje foi anunciado o retorno dos Limp Bizkit a Portugal, tendo sido confirmados para o dia 27 de agosto no festival EDP Vilar de Mouros. Provas vivas daquilo que foi a cultura juvenil no final dos anos 90 e início dos anos 2000, o seu concerto fará muitos jovens adultos voltar uns bons 15/20 anos no tempo. Se quiser fazê-lo já, eis a playlist certa.
  • Hoje faz 370 anos da morte do filósofo e matemático francês René Descartes, autor de "O Discurso do Método", ou seja, da famosa frase “Cogito, ergo sum” (“Penso, logo existo”). O seu pensamento anunciou a modernidade e, apesar do peso da religião agora ser outro, continua a influenciar a nossa época, mais não seja na nossa filmografia. Aproveite para ver um de vários filmes de teor filosófico que foram beber às ideias do francês.

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