Março, marçagão... O ditado pode esperar

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Todos os meses têm direito a um ditado, mas março é um daqueles cujo aforismo é mais conhecido e dito nas conversas do quotidiano.

“Março, marçagão, 'manhã de Inverno, tarde de Verão”.

A frase atesta a natureza dual do mês que traz a primavera, onde bom e mau tempo ainda se digladiam entre si.

No entanto, segundo as mais recentes previsões de meteorologia, vai ser preciso aguardar ainda por essas ditas tardes de verão. Houve dias de fevereiro que levaram ao engano — houve mesmo quem tenha feito praia — mas, no início de março, é o inverno que leva vantagem.

A Proteção Civil já se apressou a emitir um alerta laranja para vários distritos do país — Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Porto, Viana do Castelo e Viseu — quanto ao mau tempo que se avizinha, deixando também uma série de recomendações.

Prevendo-se períodos de recato para evitar a chuva, talvez seja boa ideia revisitar o seu ginásio, mesmo que não seja um deputado, em vez de ir correr para o ar livre.

Ou, se for um senhorio de um imóvel, começar a entregar a declaração que lhe permita ser abrangido pelo regime que impede que o valor do IMI supere aquilo que recebe de rendas. O prazo de entregas iniciou-se hoje, sendo que termina em 20 de março.

Quem não vai ter outra opção senão remeter-se ao recato é Luís Sepúlveda. O escritor chileno é uma das mais recentes figuras públicas de menção a ser infetado pelo novo coronavírus, estando a recuperar bem no Hospital Universitário Central das Astúrias.

Mas a sua infeção traz complicações para a saúde pública nacional. É que o autor esteve recentemente no festival literário Correntes D’Escritas, na Póvoa de Varzim, supondo-se que, dado o período de incubação do Covid-19 (14 dias), já estivesse infetado quando veio a Portugal.

Como tal, tanto a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim como a Direção-Geral de Saúde estão a desdobrar-se em esforços para tentar identificar possíveis pessoas em contacto direto com Sepúlveda para contar possíveis surtos em Portugal. A DGS, inclusive, já deixou um apelo para que se contacte a linha telefónica SNS24 para confirmar em caso de dúvida.

Mas nem tudo são más notícias: continua a não haver casos confirmados de infeção em Portugal, e um dos poucos portugueses infetados no mundo, Adriano Maranhão, vai poder agora regressar ao nosso país depois de ter alta hospitalar.

Mantendo-nos no tema da chuva, talvez seja mesmo melhor pensar também em planos “indoor” para passar os tempos livres.

Na Biblioteca Municipal Raul Brandão, em Guimarães, dá-se amanhã a apresentação do programa do Húmus, o Festival Literário da cidade. O evento, criado em 2017 para celebrar os 150 anos do nascimento do escritor que dá nome a essa mesmo espaço, volta-se este ano para o som das palavras, tema comum a todas as sessões que compõem a programação. O tema é focado na relação entre a literatura e a música, juntando escritores e músicos para debater a relação entre a palavra e o som.

Já em Lisboa, amanhã é também o dia em que a estreia da peça "Este é o meu corpo: a boa alma", com texto de Luís Mário Lopes, criação, interpretação, cenografia e figurinos de Mónica Calle, no Teatro São Luiz.

Por fim, no Funchal, dá-se ainda a inauguração da "Ceramic Art Madeira 2020", exposição internacional de cerâmica contemporânea promovida pela Câmara Municipal do Funchal (CMF) e produzida pela artista plástica Luz Henriques, com a participação de diversos artistas convidados, portugueses e estrangeiros. É o Teatro Municipal Baltazar Dias que lhe vai dar guarida.

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