"Vá para fora cá dentro". 25 anos depois, continua trendy

Inês F. Alves
Inês F. Alves

Edição por Inês F. Alves

30 de janeiro de 1995. Eu tinha 5 anos e escrevia assim a imprensa nacional:

Mantendo a assinatura "vá para fora cá dentro", a nova campanha promocional do Turismo Interno para 1995/1996, encomendada pelo Ministério do Comércio e Turismo à Young & Rubican, começa a ser divulgada nos media uma semana antes do Carnaval. No valor global de 240 mil contos, dos quais 90 mil representam patrocínios da Galp, Telecel e Caixa Geral de Depósitos, a nova campanha tem por objectivo criar apetência para viagens em Portugal, diminuir a sazonalidade do turismo e aumentar e diversificar a qualidade da oferta. Apostando forte na televisão, a campanha inclui, além de spots publicitários de radio e televisão, 26 programas a passar na SIC, intitulados "vá para fora cá dentro", onde serão sugeridos 26 locais, em Portugal Continental, Madeira e Açores, como destinos para um fim-de-semana agradável.

25 anos depois o apelo não podia ser mais atual. O primeiro e enunciá-lo foi António Costa, em entrevista ao Observador, mas com uma frase menos conseguida: "planeiem as férias cá dentro", disse. Hoje, foi a vez da secretária de Estado do Turismo. E se o primeiro-ministro deixou o conselho até por uma questão de conveniência — "Seguramente não creio que a primeira coisa que as pessoas vão fazer é marcar férias, sobretudo para locais distantes em que podem ser surpreendidas com o encerramento de fronteiras" —, Rita Marques justifica-o com duras estimativas para um dos setores que é motor da nossa economia: "2020 será naturalmente um ano complicado. Em média as empresas [do setor do turismo] vão faturar menos 50% do que em 2019".

50%. Estamos a falar de cerca de 130 mil empresas em Portugal. Se a moda é cíclica, então é tempo de tornar este slogan retro trendy novamente.

Numa outra frente, mas a marcar também hoje a atualidade económica esteve a "afronta" do Tribunal Constitucional alemão ao Banco Central Europeu (BCE) e consequente "puxão de orelhas da Europa". Sempre com muita delicadeza, claro está.

Simplificando, o jurídico alemão considerou que o programa de compra de ativos do BCE, criado por Mario Draghi entre 2015 e 2019 e determinante para manter as taxas de juro da dívida dos países da zona euro mais endividados (como Portugal) em níveis baixos, é parcialmente contrário à Constituição da Alemanha. Dito de outra forma, o Tribunal considera "duvidosa" a competência do BCE para recomprar massivamente a dívida pública. E mais, o BCE tem três meses para se justificar...

Ora, a resposta europeia não tardou: "Sem prejuízo de uma análise em detalhe da decisão de hoje do Tribunal Constitucional alemão, reafirmamos a primazia da lei europeia" — que é como quem diz "ouvi, mas na realidade a última palavra não é tua".

Empresas e Emprego

  1. Quase 60% das empresas tinham os seus funcionários em regime de teletrabalho na última semana de abril. E se a pandemia precipitou a adaptação para a maioria dos empregadores, o facto é que na função pública o regime veio para ficar pelo menos para 25% dos trabalhadores do Estado.
  2. A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública garante que o pagamento dos aumentos salariais da função pública fica concluído este mês;
  3. O secretário de Estado das Pescas esclareceu hoje que o fundo de compensação salarial para pescadores, face ao impacto da covid-19, só vai ser utilizado para situações não abrangidas pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pecas (FEAMP).
  4. Se está a fazer contas à vida, é de referir que o fisco já processou 622.765 mil reembolsos de IRS, no valor de 502 milhões de euros, dos quais mais de 328.500 já foram pagos;
  5. O lucro da Total caiu 99% no primeiro trimestre, para 34 milhões de dólares (31 milhões de euros), face a igual período do ano passado, devido ao impacto da pandemia da covid-19;
  6.  Também a a petrolífera Repsol perdeu 497 milhões de euros entre janeiro e março, em relação aos 608 milhões que tinha lucrado no primeiro trimestre de 2019;

"Um nicho de mercado chamado Portugal"

Portugal é um nicho de mercado com um potencial enorme de ser internacionalmente percecionado como um produto de Valor Acrescentado. Quando comparados com espanhóis, italianos ou franceses nunca perdemos na qualidade, mas fomos sempre derrotados no preço.

Quem o diz é Tiago Quaresma, cujo texto integra a rubrica Regresso a um Mundo Novo, uma parceria entre o SAPO24 e a plataforma 100 Oportunidades, que desafiou vários jovens a pensar o mundo pós-pandemia.

“Certificados de imunidade”: Há quem goste da ideia, mas o tempo deles ainda não chegou. Porquê e o que já está a ser feito?

Alguns países estão a considerar a ideia de atribuir “certificados de imunidade” a quem já tem anticorpos contra o novo coronavírus. Seria uma espécie de ‘luz verde’ aos que estão imunes à covid-19. A Organização Mundial de Saúde disse, no entanto, que não aconselha para já este tipo de estratégia. Em Portugal, o tema ainda não está ‘na calha’, mas a Ordem dos Médicos sugere que se comece a pensar no assunto. Veja aqui porquê e que passos já estão a ser dados.

Uma análise de Margarida Alpuim para ler aqui.

Sem orações murmuradas e sem velas, apenas o silêncio. Santuário de Fátima vive Peregrinação de Maio como nunca o fez

Fátima, em maio de 2020, vai ser o que nunca foi. No dia 13, ao invés do recinto repleto de peregrinos de todo o mundo, o Santuário vai estar vazio. Assim o exige o tempo de pandemia que se vive. Há quem considere que "a Igreja Católica Portuguesa tem sido exemplar nesta batalha contra o vírus", outros defendem que "se há exceções para umas coisas, tem de se abrir para outras". No fim, porém, ressalvam que é imperioso o cuidado, porque se a pandemia voltar atrás "vão cair em cima" dos católicos. Estas são as vozes dos peregrinos, unidos pela certeza de que "vai ser muito triste ver a Senhora de Fátima sozinha nesse dia".

Uma reportagem de Alexandra Antunes para ler aqui.

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