Depois da suspensão, a AstraZeneca está de volta

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

O alerta foi lançado a 11 de março pela Dinamarca, o primeiro país a decidir suspender a administração da vacina da AstraZeneca, na sequência da deteção de casos invulgares de trombose em vários doentes vacinados. Devido aos relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com este fármaco, nos últimos dias, vários países europeus, incluindo Portugal, decidiram seguir os mesmos passos.

Contudo, a situação tinha de ser devidamente analisada e estudada, cabendo à Agência Europeia do Medicamento (EMA) emitir as palavras finais — e a decisão chegou esta quinta-feira. Anteriormente, já a Organização Mundial da Saúde (OMS) tinha recomendado a continuação do uso da vacina.

Hoje, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) assegurou que a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 "é segura e eficaz", não estando também associada aos casos de coágulos sanguíneos detetados, que levaram à suspensão do seu uso.

"O Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância chegou a uma clara conclusão na investigação dos casos de coágulos sanguíneos: esta é uma vacina segura e eficaz", declarou a diretora executiva da EMA, Emer Cooke, falando em videoconferência de imprensa a partir da sede do regulador, em Amesterdão.

Depois de uma investigação nos últimos dias dos especialistas do regulador europeu, Emer Cooke garantiu que a administração da vacina da AstraZeneca "não está associada a um aumento do risco de eventos tromboembólicos responsáveis pelos coágulos sanguíneos" nalguns dos vacinados com este fármaco.

Se a suspensão da administração da vacina foi rápida, mais veloz foi a retoma por parte de alguns países, que já anunciaram que o fármaco entra de novo em jogo.

  • Itália, pela voz do primeiro-ministro, Mario Draghi, foi o primeiro país a anunciar a retoma da vacinação com a AstraZeneca. Assim, tudo volta a acontecer a partir de amanhã, às 15h locais, com o objetivo de continuar a vacinar o maior número de pessoas possível;
  • França seguiu o exemplo e o primeiro-ministro, Jean Castex, vai vacinar-se sexta-feira com a vacina da AstraZeneca para demonstrar o fármaco é de confiança, após a luz verde das autoridades sanitárias europeias, enquanto os números da pandemia continuam a subir;
  • Espanha anunciou também a retoma da vacinação com este produto, tendo o Ministério da Saúde espanhol proposto que seja dado este passo já na próxima semana. A ministra da Saúde espanhola, Carolina Darias, referiu a data de quarta-feira para a retoma. Todavia, o comité de vacinação e a comissão de saúde pública vão reunir brevemente para definir quais os grupos a vacinar nesta fase;
  • A Alemanha também já informou que vai retomar a vacinação contra a covid-19 com o fármaco anglo-sueco. "O nosso objetivo, e é o objetivo comum do Governo e dos 16 Länder [estados federados], consiste em retomar no dia de sexta-feira as vacinações com AstraZeneca", declarou o ministro da Saúde germânico, Jens Spahn.

Quanto a Portugal, as autoridades de saúde decidiram hoje retomar a administração de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19, três dias depois do anúncio de uma suspensão temporária.

A decisão foi anunciada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pela 'task force' que coordena o programa de vacinação.

"Como sabem, o plano de vacinação sofreu uma pausa no que concerne à vacina da AstraZeneca e vai ser posto em marcha outra vez a partir de segunda-feira. Vamos retomar o plano, acelerando-o e recuperando o atraso destes quatro ou cinco dias parados", informou o coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo.

Já Graça Freitas lembrou que a suspensão "foi uma decisão de saúde pública". "Há uma coisa que se chama o princípio da precaução em saúde pública. Na dúvida, fez-se uma pausa", assegurou.

Segundo a diretora-geral da Saúde, esta pausa da utilização da vacina da AstraZeneca é "facilmente recuperável e não vai impactar significativamente no esforço de vacinação". E chegou também outra confirmação aguardada: professores e não docentes vão começar a ser vacinados a 27 e 28 de março.

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