Ninguém quer lidar novamente com o "bicho" destruidor do Natal

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

O alerta está dado: a Europa é o único continente onde as mortes devido à covid-19 estão a aumentar. Nos restantes, o número de óbitos permaneceu estável ou diminuiu, de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quanto aos novos casos, os países com mais infeções na última semana foram os Estados Unidos, a Rússia, a Alemanha, o Reino Unido e a Turquia. Mas em Portugal o panorama dá mostras de agravamento — e o boletim de hoje não deixa margens para dúvidas. Ora vejamos:

  • Foram registados 2.527 novos casos confirmados de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, o número mais alto desde 2 de setembro, bem como nove mortes associadas à covid-19 e um aumento de internamentos em enfermaria;
  • A nível nacional, a taxa de incidência subiu, desde segunda-feira, de 156,5 para 173,7 casos de infeção por 100 mil habitantes a 14 dias. Em Portugal continental, este indicador registou também um crescimento, passando de 155,3 para 172,9 casos por 100 mil habitantes;
  • O Rt — que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus — aumentou ligeiramente de 1,16 para 1,17 a nível nacional, valor que já se registava na segunda-feira para Portugal continental.

Devido ao agravar da situação, que se começou a sentir nos últimas dias, a ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, veio dizer que é "evidente" que são necessárias mais medidas — mas não tão restritivas como no passado.

"Estão em cima da mesa as medidas que forem consideradas necessárias para não deixarmos crescer o número de casos", começou por dizer. "Temos hoje menos internamentos, menos mortos do que no passado tivemos com estes números [de infeções]. É preciso agora saber que medidas são necessárias. Não prevemos medidas com um nível e com a gravidade que já foram tomadas no passado, porque a população está mais protegida, mas não deixaremos de tomar as medidas necessárias", garantiu.

Ontem, o primeiro-ministro, António Costa, lembrava também que não antecipava "que tenhamos de adotar medidas que impliquem um estado de emergência", sublinhado que se tal for necessário, "o parlamento, mesmo dissolvido, mantém medidas de fiscalização da atuação do Governo" que permitem a tomada de novas medidas "à luz da legislação atual".

Além disso, deixou outra nota importante: "não podemos estar a descansar à sombra da vacinação", apesar de Portugal ser o país com mais vacinas administradas. Assim, Costa recordou que "o tempo também ajuda e o frio e a época da gripe vão aumentar e temos de ter cuidados redobrados".

Quanto ao estado de emergência, o presidente da República afastou hoje essa possibilidade, considerando que Portugal está "muito, muito, muito longe" da situação que levou a que a medida fosse tomada no ano passado.

Para já, no que diz respeito a medidas concretas do dia a dia, tanto o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, como Marcelo Rebelo de Sousa, frisaram que a máscara "obrigatória" deveria voltar. Afinal, não há "qualquer motivo para não se usar" esta forma de proteção — quer em espaços fechados, quer no exterior — "num contexto em que os vírus continuam a circular e estamos em situação de pandemia".

Mas decisões só depois de serem ouvidos os especialistas, na reunião do Infarmed da próxima sexta-feira. Se ainda não há certezas absolutas sobre o que se vai ouvir, uma coisa é garantida: ninguém quer ter de lidar novamente com o "bicho" destruidor do Natal.

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