“Quero desafiar este grupo tecnológico de referência a desenvolver um projeto de ‘Open Data’ a pensar nas cidades”, disse o autarca social-democrata durante uma sessão do Smart Cities Tour 2017, onde estava o responsável pela área tecnológica da PT, Alexandre Fonseca, que imediatamente aceitou o desafio.

Almeida Henriques considerou que “os dados abertos são ainda em Portugal uma não-realidade”, vivendo-se “quase na pré-história da partilha pública de informações úteis às funções públicas, à economia, à inovação e à segurança”.

“Há uma gestão e uma utilização muito conservadora dos dados em Portugal, nomeadamente dos públicos, que limitam e atrasam processos de governação eficiente, o empreendedorismo, a inovação, a acessibilidade ou o desenvolvimento turístico”, lamentou.

Por isso, gostaria que a PT liderasse “um projeto de uma infraestrutura partilhada que reúna e organize uma grande quantidade de dados fornecidos pelo Estado, autarquias, empresas, universidades e institutos politécnicos, especialmente úteis à gestão e à inovação urbanas”.

“Com este projeto, daríamos um passo para a criação de um ‘Data Lake nacional’”, com várias vantagens, como “a melhoria da governação autárquica e de tecnologias de informação já existentes nos municípios”, frisou o também vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Na sua opinião, “o estímulo a programas de aceleração para empreendedores e ‘startups’” e “a valorização científica desses dados, nomeadamente em investigação e estatística”, seriam outras vantagens.

Almeida Henriques considerou ainda que o projeto permitiria a “melhoria de serviços de ensino, saúde, mobilidade, turismo e restauração, comércio e segurança das cidades” e o “fomento da transparência das cidades”.

Por exemplo, segundo o autarca, “através da disponibilização de informação geográfica existente podem criar-se novas aplicações de planeamento urbano e gestão de intervenções das equipas no terreno”.

“Através da disponibilização de dados abertos sobre modos e serviços de transportes é possível melhorar ferramentas de apoio à mobilidade nas cidades”, frisou.

O autarca disse ainda que, “através de informação sobre a disponibilidade e funcionamento dos equipamentos desportivos, as cidades podem adequar a oferta dessas infraestruturas à procura, melhorando a eficiência de utilização e de novos investimentos”.

“A criação de um ‘Data Lake nacional’ seria um verdadeiro serviço público nacional, promovendo a economia da inovação e também a proximidade às pessoas”, frisou, acrescentando que este tema está na ordem do dia e “não deve ser adiado”, para Portugal não correr o risco de agravar o seu atraso relativamente a outros países.

Alexandre Fonseca afirmou ser “com naturalidade que a PT e a Altice dizem, desde já, 'presente'”.

“Aceitamos claramente o desafio que nos lançou de estar presente numa iniciativa tão importante como a criação de uma base de dados abertos para suportar um conjunto de iniciativas que extravasam claramente o âmbito das ‘smart cities’”, acrescentou.

O responsável pela área tecnológica da PT disse acreditar que a capacidade de recolher, armazenar e trabalhar dados que a empresa tem será “uma base fundamental para permitir gerir cidades e entidades, organizações, de forma eficiente, em tempo real”.

“Há um conjunto de problemáticas que têm de ser trabalhadas, como a segurança e a privacidade, mas vemos que o desenvolvimento das grandes organizações mundiais na área dos dados, da informação, baseia-se hoje em tecnologias, em princípios abertos, e são esses que nós defendemos”, acrescentou.

Alexandre Fonseca considerou que a NOVA IMS (Information Management School) “será também fundamental no desafio da criação deste ‘Data Lake’”.