O palco de todos os sonhos
A final do Festival da Canção decorre, este domingo, no Pavilhão Multiusos de Guimarães e será transmitida em direto, pelas 21h00, na RTP1, RTP Internacional e RTP Play. Filomena Cautela e Pedro Fernandes serão os apresentadores de serviço.
Dezassete anos depois, o Festival sai de Lisboa. A última vez que tinha "viajado" foi em 2001, quando a cidade de Santa Maria da Feira acolheu o evento. Mas por outras ocasiões já tinha deixado a capital: Porto (1983), Funchal (1987) ou Évora (1989).
A estação pública revelou este sábado algumas imagens do palco "onde tudo vai acontecer". Ora veja:
O erro, a polémica e dois novos finalistas
“A polémica é o Festival”. Palavras de Júlio Isidro, não nossas. O presidente do júri dizia-o na abertura da segunda semifinal (em referência ao erro na contagem nas votação na primeira gala) e ainda não sonhava com o que aí vinha.
A edição deste ano do concurso da RTP fica então marcada por duas polémicas: um erro na contagem dos votos na primeira semifinal, que acabou por retirar da corrida a canção “Eu te Amo”, composta por Mallu Magalhães e interpretada por Beatriz Pessoa, e as acusações de plágio da música “Canção do fim”, composta e interpretada por Diogo Piçarra, uma das escolhidas na segunda semifinal, que acabou por levar o músico a desistir da competição.
Na manhã depois da primeira semifinal, a RTP anunciou que afinal a canção composta por Jorge Palma e interpretada por Rui David estava entre as sete apuradas, depois de ter sido detetado um erro nas votações. “No decurso do processo de auditoria interna, que ocorreu após a emissão do programa em direto, foi detetado que a votação final divulgada estava incorreta”, referiu na altura a RTP. Com a correção do erro “na transcrição dos pontos do televoto (votos do público)” a canção de Mallu saiu do grupo das sete finalistas apuradas, dando entrada ao tema de Jorge Palma.
Daniel Deusdado, diretor de programas da estação pública, explicou na altura que o erro foi cometido por uma das pessoas responsáveis por receber os votos vindos do público (televoto).
Depois da segunda semifinal, que decorreu no passado domingo, nova polémica. Surgiu uma comparação, que adquiriu uma dimensão viral nas redes sociais, entre a música escrita por Diogo Piçarra e um tema religioso. Nesta segunda-feira, o músico rejeitou qualquer ideia de plágio da canção, que passou à final do concurso com a pontuação máxima tanto do júri como do público. "Nunca participaria num concurso nacional com a consciência de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal. Teria agarrado na guitarra e feito outra coisa qualquer", afirmou Diogo Piçarra em comunicado divulgado pela editora Universal Music. No entanto, na terça-feira à noite, Diogo Piçarra anunciou, através das redes sociais, que abandonava a sua participação no Festival da Canção.
Momentos depois do anúncio, a RTP, que organiza o concurso, divulgou um comunicado no qual afirmava compreender e respeitar a decisão do compositor e intérprete e que, “independentemente dos argumentos e questões colocadas sobre o tema, não duvidou em momento nenhum da integridade do artista, cuja carreira já fala por si”. Com o afastamento de Diogo Piçarra, de acordo com o regulamento, passou à final a canção “Mensageira”, composta por Aline Frazão e interpretada por Susana Travassos.
Ao SAPO24, Tozé Brito, elemento do júri e diretor da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), referiu que nenhuma queixa foi recebida e que o que fizeram ao músico "foi uma coisa criminosa".
Os 14 finalistas
Conheça os 14 finalistas do Festival RTP da Canção, pela ordem de atuação. Um deles será o 50º representante de Portugal no Festival da Eurovisão.
Rui David
Rui David iniciou o seu percurso como músico em 2008. Nos primeiros anos integrou a Big Band residente do Casino Espinho e fez parte do elenco, como cantor e ator, de musicais. Em 2012 integrou o projeto Corasons e desde então que nasceram vários espetáculos, um documentário e um disco de originais. O músico tem percorrido o país com o espetáculo a solo "Som e Signo", uma abordagem intimista e acústica ao universo dos grandes escritores de canções da Língua Portuguesa. Interpreta "Sem medo", tema composto por Jorge Palma. Chega à grande final depois da correção da contagem de votos da primeira semifinal.
Susana Travassos
Aos cinco anos entrou no mundo da música. Estudou acordeão, piano e canto lírico, no Conservatório Regional do Algarve, e jazz no Hot Clube de Portugal. Em 2008 lançou o seu primeiro CD a solo, “Oi Elis”, e em 2009 foi para o Brasil, onde estabeleceu uma ligação muito forte com a cultura e a música de Minas Gerais. Interpreta "Mensageira", tema composto por Aline Frazão. Com a desistência de Diogo Piçarra conquistou um ligar na grande final.
Peter Serrado
Pedro Serrado é um cantautor luso-canadiano com 25 anos, filho de pais alentejanos, nascido em Toronto. Concorreu e venceu outros concursos, entre os quais o Long and Mcquade Singing Contest (com John Santos), CNE Rising Star ou o Scotiabank Picnic Rising Star Contest. Neste momento estuda Direito, embora tenha como objetivo principal poder viver da música. Interpreta "Sunset", tema composto por si. Chegou ao Festival pelo concurso da Antena 1.
Joana Espadinha
Joana Espadinha é cantautora e lançou em junho de 2014 o seu primeiro disco, "Avesso". Estudou no Hot Clube de Portugal e é licenciada em Jazz pelo Conservatório de Amesterdão e em Direito pela Universidade Nova de Lisboa. Interpreta "Zero a Zero", tema composto por Luís Nunes (Benjamin).
Lili
Lili nasceu em Sesimbra e atualmente trabalha como médica veterinária municipal. Tem trabalhado com Armando Teixeira nos últimos 15 anos em vários projetos como Bulllet. Interpreta "Voo das Cegonhas", tema composto por Armando Teixeira.
Catarina Miranda
Nascida em Trás-os-Montes, Catarina Miranda é também conhecida do público por Emmy Curl. Em 2010 editou o seu primeiro EP, "Birds Along the Lines", pela Optimus Discos. Interpreta "Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada", tema de Júlio Resende e letra de Camila Ferraro.
Joana Barra Vaz
Joana Barra Vaz é realizadora, argumentista e compositora. Tem colaborado com José de Castro, TV Rural, Bernardo Barata e com Ricardo Jacinto. Em 2012 lançou o EP "Passeio pelo Trilho" (com o pseudónimo Flume). Em setembro de 2016 fundou a plataforma artística e editora BiDu-Á cujo primeiro lançamento foi ”Mergulho Em Loba”. Interpreta "Anda Estragar-me os Planos", tema de Francisca Cortesão com letra de Afonso Cabral.
David Pessoa
David Pessoa cresceu numa família de alma fadista. Definiu a sua identidade musical quando viveu nos Estados Unidos e quando regressa a Portugal integrou vários projetos, entre eles os grupos Manif3stos, Fogo-Fogo e Cais Sodré Funk Connection. Estreou-se nos discos em nome próprio com "Fazer-me à sorte", de 2015. Interpreta "Amor Veloz", tema de Francisco Rebelo.
Minnie & Rhayra
Yasmeen Caetano, mais conhecida por Minnie, nasceu em Angola e começou a cantar aos 14 anos. Já atuou em dois concertos no B.leza com Nelo de Carvalho. Ema Silva, mais conhecida por Rhayra, nasceu em Lisboa. Em Angola, começou a tocar ao vivo em restaurantes e bares. Participou no programa The Voice Angola, onde pertenceu à equipa de Paulo Flores. Interpretam "Patati Patata", de Paulo Flores.
Janeiro
Aos 18 anos decidiu deixar a sua cidade natal, Coimbra, para se mudar para Lisboa com o intuito de estudar jazz no Hot Clube De Portugal, musicologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e dar-se a conhecer ao mundo como músico e compositor. A sua presença deve-se a um convite feito por Salvador Sobral, vencedor do Festival da Canção 2017. Recorde aqui entrevista ao músico. Interpreta "(sem título)", tema composto por si.
Maria Inês Paris
Nasceu no seio de uma família dedicada à música, sendo sobrinha de um dos maiores embaixadores da música de Cabo Verde, Tito Paris. Aos 18 anos participou no “The Voice Portugal”. Interpreta "Bandeira Azul", de Tito Paris. Repetiu a sua atuação na segunda semifinal devido a problemas técnicos.
Anabela
Anabela é uma cantora e atriz, de 41 anos, com um vasto percurso artístico. Já editou sete álbuns, venceu dois importantes prémios da música portuguesa como A Grande Noite do Fado, em 1989, e o Festival da Canção, em 1993. É a única finalista que já foi à Eurovisão, com "A Cidade (Até Ser Dia)". É presença assídua nos musicais de Filipe La Feria. Interpreta "Para Te Dar Abrigo", de Fernando Tordo.
Cláudia Pascoal
Vem de Gondomar, faz edição de vídeos para vários youtubers e tem um single com Pedro Gonçalves. Atualmente tem dois projetos distintos: um a solo com baladas e outro com uma banda de originais em inglês. Aos 23 anos participou no concurso de talentos da RTP, The Voice. Antes, foi apresentadora do programa Curto Circuito, na SIC Radical. Interpreta "O Jardim", de Isaura, e é a favorita à vitória por um dos mais influentes sobre a Eurovisão.
Peu Madureira
Peu é Pedro Madureira, fadista desde tenra idade. Estreou-se numa festa de beneficência em Sintra em 2002, e desde essa data tem cantado em diferentes casas de fado, festas e países. Interpreta "Só Por Ela", tema de Diogo Clemente. Na primeira semifinal conquistou a pontuação máxima do televoto. Recorde aqui a entrevista ao finalista.
As homenagens
Em jeito de antevisão à edição deste ano, Nuno Galopim, jornalista e consultor da RTP para o Festival, partilhou com o SAPO24 que a grande final iria homenagear dois grandes nomes da história da música portuguesa e do próprio certame musical: as Doce, protagonizada por Moullinex, e Simone de Oliveira, a cargo de Nuno Feist. Resta ainda saber se a estação pública reservou mais surpresas e quem dará voz a estas homenagens.
Nasceram na década de 80, pela mão de Tozé Brito, e foram a primeira girl band nacional (e uma das primeiras da Europa). As Doce eram Fá (Fátima Padinha), Teresa Miguel, Lena Coelho e Laura Diogo. O grupo era constituído por cantoras com experiência: Fá e Teresa Miguel, eram ex-integrantes do grupo recém-extinto Gemini; Lena Coelho, tinha feito parte das Cocktail. Concorreram quatro vezes ao Festival da Canção: 1980 ("Doce"), 1981 ("Ali-bábá, Um homem das arábias)", 1982 ("Bem Bom", tema com o qual venceram) e, pela última vez, em 1984 ("O barquinho da esperança").
Simone cumpre este ano "80 Primaveras", a maior parte delas vividas a cantar, nos palcos ou na televisão. A sua estreia em público ocorreu, em janeiro de 1958, no primeiro Festival da Canção Portuguesa, evento que dá origem ao Festival da Canção como hoje o conhecemos. Em 2010 subiu ao palco do Campo Pequeno onde interpretou "Desfolhada", vestindo o mesmo vestido que vestira 40 anos antes quando venceu o Festival da Canção de 1969. Será que se repetirá o momento?
A votação
O público começou a votar na segunda-feira à tarde, dia em que a RTP divulgou os números de telefone de cada canção e abriu as votações.
Na grande final o processo de votação é diferente das semifinais. O vencedor é encontrado através do televoto (50%) e de um júri regional (50%), constituído por representantes das cinco regiões de Portugal Continental (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve) e das duas regiões autónomas (Madeira e Açores).
Em representação de cada região, a RTP convidou três elementos que votarão individualmente. Destes três elementos só um será porta-voz e entrará em direto durante a emissão da Final do Festival da Canção. O Porta-voz transmitirá a votação daquela região que resulta da soma dos votos dos 3 elementos.
Em ambos os casos, a votação será convertida para o já habitual sistema de pontuação em vigor no Festival Eurovisão da Canção desde 1975. A canção que tiver maior número de chamadas/votos receberá 12 pontos, a que tiver o segundo maior número de chamadas/votos recebe 10 pontos, a que tiver o terceiro maior número de chamada/votos recebe 8 pontos. A partir da quarta canção mais votada e até à décima, receberão, respetivamente e por esta ordem, 7, 6, 5, 4, 3, 2 e 1 pontos.
O resultado final da votação será então o resultado da soma destas duas votações. Se no fim da soma de votos houver um empate no primeiro lugar, vencerá a canção mais votada pelo público.
A caminho da Eurovisão
O vencedor do Festival da Canção, que regressou no ano passado como uma janela renovada, abrindo o concurso a compositores que nunca nele tinham participado, irá participar em maio no Festival da Eurovisão da Canção, que este ano se realiza em Lisboa.
O evento vai contar com a presença de 43 países a concurso – o maior número de sempre, facto que só aconteceu duas outras vezes, em 2008 e 2011.
Para a 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, realizado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU) em parceria com a RTP, são esperados mais de dois mil profissionais relacionados com a iniciativa e 1.500 jornalistas, além de 30.000 fãs e visitantes.
A partir de 4 de maio, a Praça do Comércio irá transformar-se na Eurovision Village (aldeia da Eurovisão), que estará de portas abertas diariamente até 13 de maio, entre as 15:00 e as 23:00, e onde haverá espetáculos ao vivo, um ecrã gigante onde serão transmitidas em direto as semifinais e a final, animação de rua e outras atividades. A festa irá fazer-se também numa discoteca na zona ribeirinha, que toma o nome de Eurovision Club.
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