Bueno de Matos, presidente da associação, disse à agência Lusa que os chamados ‘Guardiões do Convento’ conseguiram a verba suficiente, 5.925 euros, para comprar a pintura, e vão doá-la na segunda-feira ao Palácio Nacional de Mafra, para ficar exposta na sala D. João V.

Lançada no início de novembro, a campanha contou com o apoio de 60 mecenas, adiantou, destacando as iniciativas para a recolha de fundos do Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro e da Escola Básica e Secundária Hélia Correia, através das quais foram angariados, respetivamente, 1000 euros e 700 euros.

A pintura a óleo sobre tela, do mestre italiano Jacopo Amiconi, estava à venda numa leiloeira nacional, pelo valor de 5.925 euros.

A associação justificou a compra da pintura por o nascimento de Maria Bárbara de Bragança “poder ter sido o pretexto para a construção do palácio, uma vez que o seu pai, D. João V, terá feito a promessa de edificar o convento em caso de ser pai”.

Maria Bárbara, nascida a 04 de dezembro de 1711, foi a primeira filha do rei João V, depois de o bispo Nuno da Cunha solicitar ao frade franciscano Frei António de S. José que dirigisse as suas orações a Deus, pedindo um herdeiro para o rei, que não aparecia ao fim de três anos de casamento, segundo reza a tradição.

Se o rei construísse um convento em Mafra, Deus dar-lhe-ia o sucessor, pelo que, concretizada a profecia, o rei lançou a primeira pedra a 17 de novembro de 1717.

O palácio só possuia uma pequena pintura, de menor qualidade, da infanta ainda jovem, reforçando assim a importância da aquisição do retrato, com a dimensão de 130 por 100 centímetros.

Datado do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra, mandado construir por João V, com a riqueza resultante do ouro vindo do Brasil, é um dos mais importantes monumentos representativos do barroco em Portugal, sendo por isso um exemplo de afirmação do poder real.

Possui importantes coleções de escultura italiana, de pintura italiana e portuguesa, uma biblioteca única, bem como dois carrilhões, seis órgãos históricos e um hospital do século XVIII.

Com a deslocação da família real para o Brasil, no final de 1807, várias peças de arte foram levadas e não regressaram, motivo pelo qual a decoração atual do monumento não é, na sua maioria, a original.

No acervo do palácio, têm sido incorporadas peças oriundos de depósitos de diversos museus e palácios, doações e aquisições.

Jacopo Amiconi nasceu em 1682, em Veneza (Itália), e morreu em 1752, em Madrid (Espanha).

Pintor de temas mitológicos e religiosos, foi também retratista.

Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha, para onde foi em 1747, tendo sido pintor régio de Fernando VI e diretor da Real Academia de San Fernando.