A decisão foi tomada pela autarquia hoje de manhã durante uma reunião com os vereadores e será formalizada na quarta-feira.
Enquanto estavam reunidos, decorria no exterior da Câmara um protesto da população contra o aterro gerido pela Triaza – Tratamento de Resíduos Industriais de Azambuja.
Em causa está o aterro situado no Centro de Tratamento de Resíduos Não Perigosos de Azambuja, uma infraestrutura gerida pela empresa Triaza, pertencente à SUMA, um consórcio liderado pela Mota Engil.
Esta infraestrutura foi inaugurada em 2017 e representou um investimento de 1,8 milhões de euros, tendo desde o início da sua construção sido contestada pelos moradores e por partidos da oposição.
Mais de dois anos depois, o mau cheiro e a existência de centenas de gaivotas no meio do lixo fez com que a população avançasse com uma petição 'online' para exigir que o aterro seja encerrado, “salvaguardando dessa forma a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar” das pessoas.
A este aterro, que fica a céu aberto, chegam toneladas de resíduos vindos de Itália, Reino Unido e Holanda, sendo frequentes as queixas por causa do mau cheiro e da existência de gaivotas que remexem no lixo.
Apesar das queixas da população, está previsto o alargamento do aterro.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, disse que foi decidido numa reunião hoje de manhã votar contra o alargamento do aterro enquanto não estiverem resolvidos em tribunal processos interpostos, quer pela Triaza, quer pela população.
“Tivemos aqui uma reunião com os vereadores, mesmo os que não têm pelouros, para decidir o que dizer ao tribunal [quanto ao alargamento], porque tínhamos até dia 10 para dar uma resposta a um pedido da Triaza”, disse.
Para formalizar a decisão, a autarquia vai levar esta proposta de não autorização à reunião marcada para quarta-feira.
“Esta situação já está a decorrer há alguns anos. O mau estar relacionado com o lixo que vem de outros países e que atrai milhares de gaivotas e é um risco para a saúde pública. (…) A população quer o fecho do aterro, mas a câmara não tem autoridade para isto. O que podemos é fazer chegar ao governo e às entidades competentes estas preocupações, os abaixo-assinados, as fotografias que se vão tirando”, disse.
Luís de Sousa adiantou também à Lusa que lhe foi transmitido pelo Governo que iria ser feita uma fiscalização ao aterro, mas não sabe quando.
“O que posso dizer é que, enquanto estiveram a decorrer processos em tribunal, não vai ser autorizada a abertura de mais uma cela para receber mais lixo”, frisou.
O autarca assegurou ainda que o município vai continuar a acompanhar a situação, mas salientou que a fiscalização da atividade do aterro é da responsabilidade da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
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