Na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa para o debate sobre o estado da cidade, que se realiza anualmente, devendo este ser o último antes das eleições autárquicas de 2025, Carlos Moedas começou por antecipar as críticas dos partidos da oposição, em especial do PS, inclusive por já se encontrarem em campanha eleitoral.
“Ouviremos, portanto, a oposição a fazer a sua avaliação tipo terra queimada: fará um retrato negro da cidade e exigirá a este executivo que faça em três anos o que não se fez em 14 anos”, perspetivou o social-democrata, antecipando as críticas dos socialistas, nomeadamente na habitação e na resposta às pessoas em situação de sem-abrigo.
Focado na prestação de contas sobre o seu trabalho na presidência da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas disse que “foram três anos a resolver problemas, a fazer e a entregar melhor cidade”, destacando o investimento na habitação, com a entrega de “mais de 2.000 casas”, e na higiene urbana, com a contratação de mais 400 trabalhadores, a aquisição de 79 novas viaturas e o reforço da verba destinada às juntas de freguesia, com mais quatro milhões de euros.
“O problema do lixo na cidade é demasiado antigo em Lisboa. Não nasceu comigo, nem piorou comigo”, disse o autarca do PSD, realçando a contribuição da taxa turística para a higiene urbana.
O social-democrata destacou ainda a construção de um estado social local, nomeadamente o plano de saúde Lisboa 65+, que conta hoje com 15.000 inscritos, e o plano municipal para a pessoa em situação de sem-abrigo, com 70 milhões de euros até 2030.
Carlos Moedas apontou também o investimento na cultura, nos transportes públicos gratuitos, na expansão da rede de ciclovias e das bicicletas partilhadas GIRA, na requalificação do espaço público, no Plano Geral de Drenagem e na inovação, inclusive com a Fábrica de Unicórnios.
Em seguida, o deputado municipal do PS Davide Amado manifestou-se surpreendido com o trabalho de Carlos Moedas: “Até a nós, que não tínhamos qualquer expectativa, conseguiu demonstrar ser pior presidente do que pensámos ser possível”.
“As razões são muitas e estão à vista na cidade em que hoje vivemos e nos inúmeros constrangimentos com que hoje nos deparamos. Problemas para os quais o senhor tem sido incapaz de providenciar soluções”, apontou o socialista, falando nas questões do lixo, da mobilidade, da habitação, do alojamento local, da segurança e das pessoas em situação de sem-abrigo.
Davide Amado rejeitou ainda a ideia de que quem denuncia o lixo na capital está a fazer um ataque aos trabalhadores da higiene urbana e avisou que “de nada serve” o plano de 70 milhões de euros para as pessoas em situação de sem-abrigo “se ele se resumir a esconder as pessoas no hostel mais próximo”.
“Basta olhar à nossa volta para ver que há uma gigantesca diferença entre a propaganda, a sua, e a realidade, a nossa. […] Já sabemos que lida mal com críticas, mas será capaz de, no ano que lhe falta, dialogar com os outros partidos para evitar deixar a cidade no caos”, questionou o socialista, dirigindo-se a Carlos Moedas.
Defendendo a gestão de PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa, que governa sem maioria absoluta, o deputado do PSD Carlos Reis lembrou a vitória da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) e a antecipou as próximas eleições autárquicas.
“Os lisboetas decidiram pela mudança, ousaram acreditar e dar uma hipótese à mudança e é esta a escolha que Lisboa será chamada a responder dentro de um ano, essa mesma escolha, como verificamos aqui, entre a mudança que almejamos e que apontamos com Carlos Moedas ou regressar ao passado”, disse.
Admitindo a existência de problemas, Carlos Reis notou, contudo, que não se pode “fazer em três anos aquilo que os outros não conseguiram fazer em 14”.
“Mas, a maioria dos nossos compromissos eleitorais foi concretizada e muitos dos projetos herdados do anterior executivo e que estavam parados foram desbloqueados”, declarou o social-democrata, considerando “muito injustas” as críticas por parte da oposição.
Carlos Reis lamentou ainda a posição do PS, em particular os cartazes que “apupam o nome de um presidente de câmara, substituindo-o por caixotes do lixo”, afirmando que nenhum problema da cidade de Lisboa justifica a demolição de um presidente.
“Aquilo que estão a fazer com um cartaz é exatamente aquilo que fazem outros partidos situados à nossa direita que vocês tanto verberam. Aquele cartaz podia ser perfeitamente assinado por André Ventura [do partido Chega]”, assinalou.
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