António Costa falava aos jornalistas em São Bento, tendo ao seu lado o presidente do PSD, Rui Rio, após o Governo e sociais-democratas terem assinado acordos sobre fundos comunitários entre 2020 e 2030 e descentralização.

"O país tem de se habituar a ser capaz de construir compromissos políticos. Temos de saber unir esforços para consensualizar aquilo que pode ser consensualizado, porque uma estratégia de desenvolvimento não pode ser do Governo, do maior partido da oposição, mas do conjunto da sociedade portuguesa", vincou o líder do executivo.

Neste ponto, o primeiro-ministro afastou qualquer ideia de afastamento do executivo face aos parceiros parlamentares (Bloco de Esquerda, PCP e PEV) e invocou mesmo o programa do Governo, dizendo que nele "consta que matérias estruturantes como a reforma do Estado, ou que transcendem o horizonte de legislatura, deve haver acordos políticos alargados".

Na sua intervenção, o líder do executivo considerou a descentralização "a pedra angular da reforma do Estado" e o futuro quadro financeiro plurianual pós-2020 como uma matéria de elevado significado político, "porque junto da Comissão Europeia haverá uma posição conjunta de Portugal, envolvendo Governo e principal partido da oposição".

"As forças políticas que cada um de nós [PS e PSD] representa têm uma capacidade de influência própria no Parlamento Europeu, havendo assim uma posição que fortalece Portugal na esfera negocial", alegou também o primeiro-ministro.

As linhas essenciais do próximo quadro plurianual de financiamento - especificou António Costa - serão o combate às desigualdades, a inovação, a competitividade externa e a coesão interna do país e, finalmente, a sustentabilidade e valorização dos recursos endógenos.

A reunião entre António Costa e Rui Rio começou cerca das 18:10 e juntou à mesa os negociadores do lado do Governo os ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e do lado da direção do PSD Álvaro Amaro e o vice-presidente Manuel Castro Almeida.

Esteve ainda presente nesta reunião entre o Governo e o PSD secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos.