Episódio 1: O silêncio das pedras mortas

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Quando a pandemia nos fechou em casa, dentro do Mosteiro da Batalha a experiência foi única. Durante dois meses, ali estiveram (quase) só a natureza e as pedras. A calma dos sons foi regeneradora. Mas depois o silêncio tornou-se pesado. A descrição é de Joaquim Ruivo, diretor do monumento.
Episódio 1: O silêncio das pedras mortas
Fotografia: Margarida Alpuim | Ilustração: Rodrigo Mendes

Primeiro episódio da série "O que se ouve quando o país pára"

“O silêncio das pedras mortas” não era para ser o primeiro episódio desta série. Mas quando decidimos que a estreia seria no dia 14 de agosto, não havia como fugir.

A batalha de Aljubarrota faz hoje precisamente 635 anos.

Ora, sem vitória não haveria Mosteiro da Batalha (na verdade, Mosteiro de Santa Maria da Vitória).

"O que se ouve quando o país pára"

Episódio 1: O silêncio das pedras mortas

Episódio 2: Como assim uma largada de touros se as festas estão proibidas? Assim, de bicicleta

Episódio 3: E tudo correu bem, para eles e para os morangos

Episódio 4: “Um gajo sempre andou aqui. Tem saudades disto”. A história de Ivo e dos outros que ficaram longe do mar

Episódio 5: Eles já lá estavam, mas quando nos fechámos em casa é que os vimos melhor

Episódio 6: “A gente sentir-se só é muito triste”. Quando as portas se fecharam, só sobrou silêncio na vida de Alzira e Maria das Dores

Episódio 7: “Estamos aqui no paraíso, o vírus não tem cá que fazer”

Resumindo mais de seis séculos em cinco frases: D. João I disse que, se ganhasse a batalha contra os castelhanos, mandava construir um grande mosteiro naquele sítio (acabou por ser quatro quilómetros ao lado, vá). À conta das obras, ao fim de umas décadas, tinha nascido ali uma povoação. Hoje em dia, o Mosteiro da Batalha é Património da Humanidade e tem quase meio milhão de visitas anualmente. Durante a pandemia, tudo esteve fechado. Mas a Google Arts & Culture mapeou vários espaços do monumento, e agora é possível fazer visitas virtuais até pelos telhados.

Por fim, o seu a seu dono. A expressão “pedras mortas” chega até ao título deste episódio numa espécie de sequência de inspirações: o diretor do Mosteiro, Joaquim Ruivo, usou o termo enquanto falava connosco; diz ele que ouviu a expressão numa conferência que Guilherme d’Oliveira Martins deu no Mosteiro em 2016 a propósito do valor do património; já o próprio Oliveira Martins foi buscar as palavras a Rabelais, um padre e escritor francês do século XV que, de forma poética, distinguiu as “pedras mortas” e as “pedras vivas” que são usadas para dar forma ao mundo.

E assim se vai mantendo a vida de uma expressão ao longo de 500 anos.

Esta semana estivemos na Batalha, vila do distrito de Leiria. Na história da próxima semana, posso já adiantar que o sotaque cerrado exige alguma concentração nos primeiros segundos do episódio.


“O que se ouve quando o país pára” é uma coleção de histórias e de sons que nos mostram como a vida das pessoas e dos lugares foi afetada quando Portugal parou por causa da covid-19.

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Joaquim Ruivo, diretor do Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Cúpula da Capela do Fundador, Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Reflexo dos vitrais no túmulo de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, na Capela do Fundador, Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Vista para o Claustro Real, Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Claustro Real, Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Detalhe de um chaveiro do Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Pormenor de grafito nas paredes do Mosteiro da Batalha. Estes desenhos terão sido feitos pelos homens que trabalharam na construção do monumento. Neste caso, o grafito ilustra uma embarcação. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

Reflexo dos vitrais nas paredes da igreja do Mosteiro da Batalha. créditos: Margarida Alpuim | MadreMedia

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